“Nos filmes de Pasolini sou sempre eu, Ninetto”

Ninetto Davoli foi um encontro crucial da vida de Pier Paolo Pasolini. Viveram juntos durante vários anos, pouco depois de se terem conhecido nos descampados da periferia romana. É uma chave para o mundo da vida e da obra do realizador, cujo centenário está em foco na Festa do Cinema Italiano.

Foto
DR

O centenário do nascimento de Pier Paolo Pasolini cumpriu-se no princípio de Março (dia 5) e esse é o mote para uma série de acções no âmbito da Festa do Cinema Italiano. Uma exposição fotográfica, na Sociedade Nacional de Belas Artes, dedicada a uma colaboração, no final dos anos 1950, entre Pasolini e o fotógrafo Paolo di Paolo — com fotos do segundo e textos do primeiro, foram à procura dos italianos nas férias de Verão, sobretudo nas praias (La Lungha Strada di Sabbia, a “longa estrada de areia”, chama-se a exposição). Mas sobretudo um regresso à obra cinematográfica, numa retrospectiva em colaboração com a Cinemateca, Pasolini Revisitado, onde pontos altos da obra fílmica do autor coexistem com a redescoberta, e nalguns casos a descoberta, de momentos importantes mas um poucos esquecidos da relação de Pasolini com o cinema e do cinema com Pasolini. Vários filmes de outros realizadores em que colaborou, sobretudo como argumentista e principalmente ao longo das décadas de 1950 e 1960, mas também filmes realizados já depois da sua morte onde a sua presença e a sua inspiração se fazem notar — da recuperação dos seus textos à evocação da sua figura, como é o caso do Pasolini de Ferrara ou do filme de Marco Tullio Giordana, Pasolini — un Delitto Italiano, que reconstitui o julgamento do assassino do autor. Em lançamento no circuito comercial surgirá também a primeira longa do Pasolini como realizador, Accattone, filme estreado em 1961, quando Pasolini tinha 39 anos e já era um escritor famoso depois da publicação dos seus dois primeiros romances, Ragazzi di Vita e Una Vita Violenta (cuja adaptação, em 1962, por Brunello Rondi e Paolo Heusch, consta do ciclo na Cinemateca), e de vários volumes de poesia.

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