Metrobus do Porto vai partilhar via com carros e prevê ligações com STCP

Programa preliminar prevê interligações com linhas da STCP. Metro do Porto não esclarece se ausência de via dedicada, como estava previsto, acontecerá apenas na Marechal Gomes da Costa ou se se estende até à Avenida da Boavista

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BRT vai custar cerca de 25 milhões de euros Paulo Pimenta

O projecto preliminar do metrobus do Porto prevê que o novo meio de transporte funcione como uma linha principal alimentada por “linhas complementares” da STCP, incluindo na Avenida Marechal Gomes da Costa, mas não terá uma via dedicada.

“Admite-se que o BRT ["bus rapid transit”, vulgo “metrobus"] funcionará como uma linha principal com ramificações, isto é, uma linha principal que será alimentada por linhas complementares, nomeadamente a rede da STCP”, a Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, pode ler-se nos documentos do concurso consultados pela Lusa.

O documento em causa, “programa preliminar” do projecto de execução incluído no concurso público de concepção e construção da linha Boavista - Império, refere que, “ao longo do traçado, nas avenidas da Boavista e do Marechal Gomes da Costa, algumas das estações do BRT coincidem com paragens actuais da STCP”.

Entretanto, o presidente da Câmara do Porto, o independente Rui Moreira, referiu em 22 de Fevereiro que a empresa intermunicipal iria operar a linha, “porque é esse o entendimento entre o Ministério do Ambiente, a Metro do Porto, a STCP, e as câmaras”.

Já na última sessão extraordinária da Assembleia Municipal, na segunda-feira, o presidente da Câmara reiterou o desejo de que “seja a STCP a operar esses autocarros, porque são autocarros a hidrogénio”. Para Rui Moreira, “se fosse o Estado” a mandar na empresa “era a Metro do Porto que ia decidir quem é que operava os autocarros” do serviço BRT. O autarca disse também que o BRT vai estar na Avenida Marechal Gomes da Costa “sem ser em via dedicada, para que seja claro”, estando previsto que conviva com os automóveis.

A Lusa questionou a Câmara do Porto no sentido de perceber se a ausência de via dedicada se estende ao resto do trajecto do metrobus, ou se apenas diz respeito à Avenida Marechal Gomes da Costa, mas fonte oficial da autarquia remeteu para a Metro do Porto, dona da obra, que para já não se pronunciou sobre o assunto.

O programa preliminar do projecto de execução da linha de BRT Boavista - Império prevê, no entanto, que as vias do BRT sejam “na avenida do Marechal Gomes da Costa concretizadas lateralmente ao espaço verde arborizado, existente na placa central desta avenida, com a adaptação de uma das faixas rodoviárias existentes para utilização do BRT”.

“As duas vias unir-se-ão na nova rotunda do extremo norte, passando a um corredor central bidireccional que se desenvolverá ao longo da avenida da Boavista”, de acordo com o programa preliminar.

Menos estacionamento

Em todo o projecto do BRT Boavista - Império “admite-se como necessária a redução da oferta de estacionamento de superfície, pontuais reduções na largura dos passeios, redução da capacidade para o tráfego banalizado, redução dos movimentos de atravessamento na Avenida da Boavista e na Avenida Marechal Gomes da Costa, bem como a alteração dos acessos ao parque de estacionamento da Casa da Música”.

No entanto, como o concurso público previa concepção e construção, o programa preliminar não tem carácter definitivo e podem existir alterações.

No dia 23 de Março, data em que foi assinado o contrato de concepção do projecto, foi anunciado que o percurso deste novo meio de transporte será também alargado a Matosinhos, chegando à Rotunda da Anémona.

A construção do metrobus no Porto vai arrancar em Junho (devendo terminar no final de 2023) e foi adjudicada ao consórcio das empresas Alberto Couto Alves e Alves Ribeiro por 24,9 milhões de euros, abaixo do preço base de 45 milhões de euros, o que permitiu a extensão a Matosinhos.

No total, o projecto inclui as oito estações previstas inicialmente (Casa da Música, Bom Sucesso, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império) e as cinco entretanto anunciadas (Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo e Praça Cidade do Salvador [Anémona]).

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