O coração tem razões

Trilogia do Mindelo fecha com volume maliciosamente cómico.

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Germano Almeida - escritor cabo-verdiano Carlos Lopes/Arquivo

A publicação em Portugal do romance O Fiel Defunto, de Germano Almeida (n. 1945), coincidiu com a atribuição do Prémio Camões ao escritor cabo-verdiano, em Maio de 2018. Era a história cómica e satírica da morte de Miguel Lopes Macieira, o “mais conhecido e traduzido escritor [fictício] das ilhas” de Cabo Verde, assassinado pelo seu maior e mais íntimo amigo em pleno lançamento daquele que viria a revelar-se o seu último livro. Na altura, e se bem nos lembramos, Germano Almeida deixou no ar a possibilidade de vir a retomar a matéria da narrativa, até porque ficara por cumprir uma das últimas vontades do defunto: ser cremado em praça pública. Era óbvio, portanto, que a história — que terminava anunciando “uma reedição da Pilar del Rio” no Mindelo, na pessoa da viúva do “grande escritor”, acabada de regressar dos Estados Unidos com planos para uma fundação e tudo — tinha pano para (boas) mangas. Pano esse que foi muito engenhosamente aproveitado pelo escritor Germano Almeida no seu romance seguinte, O Último Mugido (2020), título que coincide ironicamente com o do imaginário último livro de Macieira, e agora em A Confissão e a Culpa. E assim surgiu a Trilogia do Mindelo que, se acaso não estivesse inicialmente nos planos do escritor, foi bem achada e melhor executada.

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