Atletas juntaram-se no pódio em protesto contra a participação da nadadora transgénero Lia Thomas?

A imagem mostra a nadadora Lia Thomas, a primeira mulher transgénero a vencer um título numa prova da liga universitária norte-americana, a posar no pódio, isolada das outras colegas. Tornou-se viral nas redes, tendo sido interpretada como um acto de protesto contra a participação de Thomas em competições femininas.

Foto
Lia Thomas é a primeira mulher transgénero a vencer um título nas provas organizadas pela NCAA Reuters/Brett Davis

A imagem

Na imagem, que está a ser partilhada de forma viral nas redes sociais desde o dia 18 de Março, vê-se a nadadora Lia Thomas, vencedora de uma competição da liga universitária dos Estados Unidos e primeira mulher transgénero a consegui-lo, no pódio, isolada, no momento da premiação. Um pouco mais afastadas, as três atletas que ficaram classificadas a seguir estão a posar e a celebrar juntas.

O contexto

No dia 17 de Março, Lia Thomas venceu a prova de 500 jardas (cerca de 457 metros) livres organizada pela Associação Desportiva das Universidades Norte-americanas (NCAA), tornando-se assim a primeira mulher transgénero a conseguir este feito. Thomas competira nas provas masculinas da NCAA durante os três anos anteriores e foi autorizada pela NCAA a competir este ano contra mulheres. A atleta da Universidade da Pensilvânia está a passar por um processo de substituição hormonal há quase três anos.

A sua vitória veio reforçar o debate em torno da inclusão de mulheres transgénero em competições femininas e como estas podem ter possíveis vantagens em relação às outras atletas.

Neste sentido, esta imagem acabou por ser associada (sobretudo nas redes sociais, mas também em meios de comunicação como o jornal britânico The Telegraph) a um acto de protesto contra a participação de Lia Thomas da parte das três atletas que ficaram classificadas em segundo, terceiro e quarto lugares: Emma Weyant, Erica Sullivan e Brook Forde, respectivamente.

Os factos

A atleta Erica Sulllivan clarificou a situação num comentário no Instagram a uma das publicações onde a imagem foi partilhada, publicações estas a que chamou “acusações falsas nos meios de comunicação de direita”, citada pela Reuters.

Sullivan, Weyant e Forde, que competiram juntas nos Jogos Olímpicos de Tóquio no ano passado, tiraram, de facto, uma fotografia juntas nesse dia, explica a terceira classificada. Mas tal aconteceu “depois de a foto de grupo ter sido tirada”, acrescentando que “os sites de notícias utilizaram essa fotografia e retiraram-na do seu contexto original”.

Aqui pode ver-se a fotografia de grupo tirada no final da prova.

As atletas até já haviam manifestado publicamente o seu apoio a Lia Thomas, concordando com a sua inclusão nas competições femininas. Sullivan escreveu num artigo de opinião para a revista norte-americana Newsweek, no dia 18 de Março, que “todas as atletas, incluindo atletas transgénero, merecem ser tratadas com respeito e ser incluídas, assim como são”. Também Forde dissera em Janeiro que tem “um grande respeito” pela atleta e que não teria “nenhum problema em competir contra a Lia nas NCAA este ano”.

Em resumo

A fotografia onde se vê a nadadora Lia Thomas separada das outras três colegas no pódio é falsa e foi resultado de uma manipulação em que se juntou duas imagens: a fotografia de grupo tirada aquando da cerimónia de entrega de prémios e uma segunda fotografia das atletas Sullivan, Weyant e Forde a celebrar juntas, e que foi captada mais tarde, nesse dia.

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