Expresso Transatlântico estreiam videoclipe de Quando Neptuno deu à Costa e actuam em Viseu

Filmado num palácio seiscentista de Lisboa, o Palácio Pombal, estreia-se esta terça-feira o quarto videoclipe do disco de estreia do trio Expresso Transatlântico, composto por Sebastião Varela (guitarra eléctrica e teclados), Gaspar Varela (guitarra portuguesa) e Rafael Matos (bateria). Depois de Primeira Rodada, Azul Celeste e Alfama, Texas, lançados respectivamente em Julho, Outubro e Novembro de 2021, o novo videoclipe chama-se Quando Neptuno deu à Costa e foi realizado, tal como os anteriores, por Sebastião Varela, mas desta vez em 16 mm. “Porque é mil vezes mais bonito do que filmar em digital”, como ele disse ao PÚBLICO durante as filmagens. Agora, no texto que acompanha este lançamento, Sebastião explica tema e videoclipe: “A música propõe um sentimento nostálgico e de libertação que dança à volta de uma respiração marcada. Foi com estes aspectos fundamentais que conduzi o meu olhar para este videoclipe. Fazendo uso de uma temática que nos é recorrente, o Mar como ponto de partida e de regresso. Para além do espaço, que funciona como uma personagem, temos também a Banda a conduzir a narrativa, e as personagens do músico Tiago Martins e da actriz Laura Dutra que representam pontos fundamentais dentro do que é este Universo.”

Lançado a poucos dias de o Expresso Transatlântico se apresentar ao vivo em Viseu, no Carmo 81, pelas 22h do dia 25 de Março, o videoclipe de Quando Neptuno deu à Costa inclui um poema escrito e lido por Sebastião Varela Aqui fica, na íntegra: “Dia 24 de Setembro morri. Dia 25 continuava morto, 26 e 27 também. Dia 28 pensei que tinha acordado, mas não, continuava morto. Setembro chegou ao fim e eu também. Passa Outubro, Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro. Em março voltei a abrir os olhos, com a certeza de que os abria. Em Abril vi o Sol como já não via há muito tempo. Mas não o sentia ainda. Isso demorou mais tempo, foi preciso morrer outra vez. A segunda vez que morri, já estava habituado à sensação de não viver. Nunca soube estar vivo, na verdade. E não me importo com isso. A tristeza não paga as dívidas. Desta vez, quando abri os olhos não foram prédios que vi. Não foram carros, nem casas. Foi espuma, foi azul. Vi o sol outra vez. Queimou-me a pele. E eu deixei que queimasse. De tal forma que o meu corpo se tornou no próprio oceano que à minha frente se enrolava. Olhei à volta e vi tudo o que não me tinha interessado ver antes. Vi as rochas, perfuradas depois de séculos a lutar com a maré. Vi a areia, rochas que procuram a harmonia com o oceano, nunca deixando de ser apenas rochas. Vi um barco muito ao longe. Vi as pessoas felizes. Se um dia voltar a morrer, que alguém me lembre que foi bom estar vivo aqui. Quando Neptuno deu à costa.”