Cormac McCarthy lança dois romances no final do ano após um hiato de 16 anos

Os dois romances serão publicados nos Estados Unidos com um mês de intervalo: The Passenger sairá no dia 25 de Outubro e Stella Maris será publicado a 22 de Novembro, revelou a editora Alfred A. Knopf.

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Livros de Cormac McCarthy na City Lights Bookstore, em São Francisco Robert Alexander/Getty Images

O escritor norte-americano Cormac McCarthy vai lançar este ano dois novos romances, The Passenger e Stella Maris, depois de uma ausência de 16 anos, desde que ganhou o Prémio Pulitzer em 2006 com A estrada, foi anunciado.

Os dois romances, sobre um irmão e uma irmã, estão interligados e serão publicados nos Estados Unidos com um mês de intervalo: The Passenger sairá no dia 25 de Outubro e Stella Maris será publicado a 22 de Novembro, revelou a editora Alfred A. Knopf.

The Passenger é um romance sobre “moralidade e ciência” e “o legado do pecado”, que Cormac McCarthy terá começado a escrever há décadas, enquanto Stella Maris é uma prequela de The Passenger, passada oito anos antes.

A história de The Passenger segue os irmãos, Bobby e Alicia Western, que “são atormentados pelo legado do seu pai, um físico que ajudou a desenvolver a bomba atómica, e pelo amor e obsessão de um pelo outro”, escreve o The New York Times.

“Há um acidente de avião, um tesouro de moedas de ouro enterrado no subsolo e escondido em tubos de cobre, um raro violino Amati que desaparece, uma plataforma petrolífera abandonada no meio do oceano, e um carro de corrida italiano apreendido pelo IRS [agência federal norte-americana de cobrança de impostos] - um conto totalmente cativante”, adiantou em comunicado Jenny Jackson, editora de McCarthy na Knopf.

The Passenger começa com Bobby, um mergulhador de salvamento que trabalha na Costa do Golfo em 1980, a explorar os destroços de um jacto afundado, e a descobrir que a caixa negra, o saco do piloto e um dos passageiros mortos estão todos desaparecidos.

O romance de 400 páginas tem “o ritmo e as voltas de um thriller", à medida que Bobby é arrastado para o mistério do acidente, acrescenta o jornal.

Stella Maris assinala a estreia de McCarthy com uma protagonista feminina. O romance, de 200 páginas, segue a irmã de Bobby, Alicia, “um prodígio na matemática cujo intelecto assusta as pessoas e cujas alucinações tomam a forma de personagens, com as suas próprias vozes”.

“Há 50 anos que planeio escrever sobre uma mulher. Nunca serei suficientemente competente para o fazer, mas a dada altura é preciso tentar”, afirmou o escritor em 2009, numa entrevista ao Wall Street Journal.

A narrativa desenrola-se inteiramente em diálogo, como uma transcrição, entre Alicia e o seu médico numa instituição psiquiátrica em Wisconsin, em 1972, onde Alicia, uma candidata de 20 anos a um doutoramento em matemática na Universidade de Chicago, recebe um diagnóstico de esquizofrenia paranóide.

“Foi um formato escolhido por Cormac para permitir a Alicia explorar as suas obsessões, que pelo que posso dizer são as obsessões de Cormac”, disse Jenny Jackson, acrescentando que este “é um livro de ideias”.

McCarthy há muito que é fascinado por disciplinas científicas esotéricas, e rodeou-se de especialistas em física teórica e matemática no Instituto de Santa Fé, um instituto de investigação onde é curador e ao qual está ligado há décadas.

Até agora, estes temas raramente foram uma característica proeminente da sua ficção, mas com The Passenger e Stella Maris o escritor está a investigar mais directamente questões sobre a intersecção da ciência com a moralidade e os limites do conhecimento humano.

Cormac McCarthy, 88 anos, é conhecido por romances apocalípticos e Westerns, como A Estrada, Meridiano de Sangue e Este país não é para velhos, publicados em Portugal pela Relógio d"Água, que tem editado a sua obra.

Este país não é para velhos foi adaptado ao cinema pelos irmãos Coen e venceu o Óscar de melhor filme em 2008.

Outras distinções de McCarthy incluem o National Book Award e o National Book Critics Circle Award pelo romance Belos cavalos.

A Lusa questionou a editora Relógio d"Água sobre a publicação destes dois romances em Portugal, mas até ao momento não obteve resposta.

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