Portugal volta a ter representação permanente junto da CPLP

Questões financeiras tinham levado à suspensão da representação permanente nacional na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

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LUSA/AMPE ROGÉRIO

Portugal voltou a ter uma representação permanente junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), chefiada pela embaixadora Maria Rita Ferro, que já era a diplomata junto da organização, segundo fontes oficiais.

“A Representação Permanente de Portugal na CPLP foi criada por despacho de Dezembro de 2021, diploma conjunto dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros [MNE), Finanças e Modernização do Estado e Administração Pública”, referiu o MNE, em resposta por escrito a questões colocadas pela Lusa. “Assim, a representação de Portugal junto da CPLP, que já era garantida por um embaixador ou embaixadora, ganha a devida dignidade institucional”, acrescentou o ministério liderado por Augusto Santos Silva.

A embaixadora Maria Rita da Franca de Sousa e Ferro Levy Gomes, que já era embaixadora de Portugal junto da CPLP, foi nomeada agora para o cargo de representante permanente de Portugal junto daquela organização, de acordo com um decreto presidencial publicado na última sexta-feira em Diário da República.

“É nomeada, sob proposta do Governo, a embaixadora Maria Rita da Franca de Sousa e Ferro Levy Gomes para o cargo de Representante Permanente de Portugal junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”, refere o decreto assinado em Fevereiro pelo Presidente da República.

Foi em Fevereiro de 2020 que Maria Rita Ferro Levy Gomes apresentou as cartas credenciais ao então secretário-executivo da comunidade, Francisco Ribeiro Telles, como embaixadora da representante de Portugal junto da CPLP. A embaixadora substituiu o ministro plenipotenciário Mário Jesus dos Santos, que em 2014 tinha apresentado as suas cartas credenciais a Murade Murargy mas como representante permanente de Portugal junto da CPLP, de acordo com os comunicados publicados na página oficial da organização.

Depois, a representação permanente acabou por questões financeiras. De acordo com o despacho de Dezembro de 2021, a que o MNE se refere agora, a criação da representação permanente junto da CPLP neste momento tem a ver com vários factores, e desde logo com o facto de a acção da organização se desenvolver “em domínios que constituem prioridades permanentes da política externa portuguesa”.

Além disso, o facto de a sede da CPLP ser em Lisboa confere ao Estado Português “uma obrigação acrescida de assegurar as melhores condições possíveis de funcionamento da organização, valorizando-a e reforçando o seu prestígio internacional, e com isso reforçar e valorizar o papel de Portugal ao nível externo”, refere-se no documento.

Além disso, a CPLP “tem conhecido, desde a sua criação, um grande crescimento, e o dinamismo que tem revelado requer o acompanhamento constante por parte dos Estados-membros, num número cada vez maior de áreas de intervenção, exigindo da parte destes empenhamento e rigor”, adianta.

“A esses desenvolvimentos, têm os Estados-membros respondido com o reforço dos seus representantes junto do secretariado-executivo, que se traduz, designadamente, na constituição de estruturas diplomáticas permanentes e autónomas destinadas a assegurar o acompanhamento constante das actividades num número crescente de áreas de intervenção.”

No caso de Portugal, “verifica-se que o desempenho das crescentes e exigentes solicitações no âmbito da CPLP exige também a criação de uma estrutura vocacionada para o efeito”, conclui-se.

A primeira representação permanente de Portugal junto da CPLP foi criada em 13 de Janeiro 2009, então chefiada pelo embaixador António Russo Dias. A Representação Permanente junto da CPLP tem como atribuições genéricas representar e assegurar a defesa dos interesses do Estado Português junto da CPLP.

Além de Portugal, são Estados-membros da CPLP Angola, que tem agora a presidência rotativa da organização, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Brasil, Angola e Timor-Leste têm também representações permanentes junto da CPLP.

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