Num abrigo em Kharkiv, uma violinista dá música para (fazer) esquecer a guerra

Com um vestido de cerimónia e uma audiência atenta, Vera Lytovchenko dá concertos de violino aos companheiros de abrigo. “Não precisamos de pena. Não preciso de me queixar. Só preciso que os bombardeamentos parem e depois vamos reconstruir a cidade”, diz.

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Vera Lytovchenko é professora e violinista. É também habitante de Kharkiv, uma das maiores cidades ucranianas, próxima da fronteira com a Rússia, e uma das mais destruídas pelos ataques russos.

Por isso mesmo, os habitantes têm procurado refúgio. E é numa cave transformada em abrigo que Vera usa um vestido de cerimónia e toca violino para os habitantes da cidade que perderam as suas casas e que lá se protegem da ofensiva russa.

“Foi muito difícil tocar e pensar em algo que não fosse sobre a guerra. Mas decidi que tinha de fazer alguma coisa”, diz Vera ao The Guardian. “Tornámo-nos numa família nesta cave, e quando eu toquei, eles choraram. Esqueceram-se da guerra durante alguns minutos e pensaram em alguma coisa diferente.”

Um vídeo de Vera correu o Twitter, depois de ser partilhado por Liubov Tsybulska, conselheira do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano. “O que fazemos em abrigos de bombas enquanto eles nos bombardeiam a partir do céu”, escreveu, num tweet partilhado mais de 20 mil vezes.

Na conta pessoal de Instagram, Vera vai partilhando mais vídeos dos seus “concertos” que, descreve, não são assim tão fáceis de dar: “Tenho que tocar silenciosamente no abrigo, então coloco uma mola no violino.” O que não significa que pretenda parar ou deixar de dar o máximo em cada performance — nem sequer na indumentária: “Em meia hora, corri para casa para tomar um banho, pegar num cobertor e noutro vestido”, conta numa publicação.

Sair da cidade também não é, para já, uma opção. Ao Guardian lembrou que Kharkiv é a sua cidade e que quer ajudar a reconstruí-la com as próprias mãos. “Não precisamos de pena. Não preciso de me queixar. Só preciso que os bombardeamentos parem e depois vamos reconstruir a cidade. Preciso que a guerra acabe”, atirou.

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