Universal e tendencialmente gratuito

Afinal, parece que foi graças a um crescimento dos serviços de saúde privados, cuja quota aumenta entre 33% e 312% no total, que foi possível melhorar a saúde dos portugueses nos últimos 20 anos.

Nos 20 anos que decorreram entre 1999 e 2019, tivemos 17 anos de governos socialistas (o PSD governou dois anos no período 2002-2004 e quatro anos no período 2011-2015, três dos quais obrigado a seguir a política negociada com a troika pelo PS) que foram, portanto, os (quase) únicos responsáveis pelos grandes avanços na qualidade da saúde dos portugueses, nomeadamente:

  • Aumento da esperança média de vida, de 76 para 81 anos
  • Diminuição da taxa de mortalidade infantil, de 5,6‰ para 2,8‰
  • Aumento da vida saudável à nascença, de 54 para 59 anos
  • Aumento da população com boa ou muito boa percepção do estado de saúde, de 46% para 50% (a série destes dois últimos dados começa em 2004 e 2005, respectivamente)

É caso para concluirmos que, graças ao socialismo, a qualidade da nossa saúde tem vindo a melhorar! E ainda por cima, com um serviço universal e tendencialmente gratuito.

Será?

Vamos revisitar o INE.

Segundo este instituto, em 1999, o SNS assegurava a maior parte da oferta em serviços de saúde no nosso país. Vinte anos passados, continua a ser o principal prestador de serviços de saúde, mas o seu peso está muito inferior. Vejamos como evoluiu a prestação de serviços do sector privado da saúde durante este período em totais de consultas, internamentos, cirurgias e atendimento em urgências.

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Fonte: INE

Refere ainda o INE que “os hospitais públicos ou em parceria público-privada continuaram em 2019 a ser os principais prestadores de serviços de saúde (...). Todavia, foi nos hospitais privados que estes serviços mais aumentaram entre 1999 e 2019”.

Afinal, parece que não. Afinal, parece que foi graças a um crescimento dos serviços de saúde privados, cuja quota aumenta entre 33% e 312% no total, que foi possível melhorar a saúde dos portugueses. Bom, mas foi com a comparticipação do Estado socialista nessas despesas. Claro, pois o direito à protecção da saúde é realizado através de um serviço nacional de saúde universal e tendencialmente gratuito.

Só que não!

Os portugueses, cada vez mais recorrem aos privados para obterem cuidados de saúde. Actualmente, cerca de dois terços dos portugueses beneficiam de um subsistema de saúde e/ou de um seguro de saúde. Mas, para além disso, as despesas de saúde pagas do próprio bolso cresceram de 25% para 30% entre 2000 e 2018. Num período em que, nas dez economias com maior rendimento per capita da União Europeia, esse valor tem vindo a descer. Por exemplo, em 2018, os valores variavam entre 19% da Bélgica e 9% da França.

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Fonte: Banco Mundial

Os portugueses já escolheram!

Já escolheram tratar da sua saúde nas instituições que conseguem fazê-lo!

Falta saber quando é que o Governo vai reconhecer essa escolha.

Porque há um terço de portugueses que não têm direito a escolher. E quanto mais tempo o Governo socialista demorar a reconhecer que TODOS os portugueses devem ter o direito a escolher onde querem ser tratados, mais tempo teremos portugueses de primeira e portugueses de segunda. Parafraseando: “Vamo lá ver”, será que quase sete milhões de portugueses estão errados e os membros do Governo é que estão certos?

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