Quantos votos vale um título de campeão?

Sporting vai neste sábado a eleições. Frederico Varandas enfrenta a concorrência de Ricardo Oliveira e Nuno Sousa, tendo como principal trunfo Rúben Amorim e todas as conquistas no futebol.

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Frederico Varandas, presidente do Sporting EPA/ANDRE KOSTERS

Rúben Amorim pode não ter o nome nos boletins de voto e já declarou publicamente que não irá votar (apesar de ser sócio) neste sábado nas eleições dos órgãos sociais do Sporting para os próximos quatro anos. Mas o técnico “leonino” estará para sempre ligado ao homem que o contratou em Março de 2020, Frederico Varandas. E o sucesso desportivo que obteve com a aposta no técnico é o principal argumento que o presidente dos “leões” (Lista A) tem perante as duas listas concorrentes lideradas por Ricardo Oliveira (Lista B), e Nuno Sousa (Lista C).

Desde que o antigo director-clínico dos “leões” assumiu a presidência do clube em 2018, depois de ter sido o mais votado entre seis candidatos, o Sporting tem acumulado títulos nacionais e internacionais em várias modalidades. À cabeça, o título de campeão nacional no futebol conquistado em 2021 com Amorim como treinador e que acabou com um jejum que durava desde 2002, mais uma Taça de Portugal, três Taças da Liga e uma Supertaça. Nas modalidades, para além de vários títulos nacionais conquistados, o Sporting venceu duas Ligas Europeias no hóquei em patins e duas Ligas dos Campeões no futsal.

Não é pelo sucesso desportivo que Varandas encontra oposição como recandidato. Os adversários de Varandas consideram que Amorim foi a tábua de salvação da actual direcção “leonina” e que a sua contratação em 2020 por 10 milhões de euros (fora os juros) foi arriscada, mas certeira, prometendo manter o técnico campeão se ganharem as eleições. “Rúben Amorim tem sido fantástico para o Sporting, não só como treinador, mas como comunicador, como gestor, como presidente, como agente, como tudo. A máquina que havia não funcionava e Rúben Amorim traz uma máquina nova”, disse há poucos dias Ricardo Oliveira, em entrevista à agência Lusa.

Nuno Sousa tem um discurso semelhante quanto ao que se pode atribuir a Varandas do sucesso recente do futebol sportinguista. “Frederico Varandas não tem projecto desportivo. O seu projecto desportivo chama-se Rúben Amorim. Esconde-se atrás do sucesso do treinador, que foi o seu Euromilhões. O seu mérito, como o de quem ganha o Euromilhões, foi entregar o boletim”, frisou o candidato da Lista C à Lusa.

Sustentado pelo sucesso desportivo, Frederico Varandas, ao contrário dos seus adversários, optou por não fazer qualquer campanha junto dos sócios, sem visitas a núcleos ou acções de promoção em meios digitais, limitando-se a marcar presença no único debate a três que aconteceu há duas semanas. Bem diferente do que aconteceu nas eleições de 2018, em que enfrentava um lote alargado de adversários, entre eles o ex-guardião de futsal João Benedito, o banqueiro José Maria Ricciardi ou o antigo dirigente Dias Ferreira. A vitória do clínico foi por pouca margem – 5,5% dos votos em relação a Benedito, que até teve mais sócios a votar nele.

Dia de jogo

Como as eleições acontecem em dia de jogo (o Sporting recebe o Arouca, em Alvalade, a partir das 20h30), as urnas estarão abertas a partir das 9h da manhã e até às 20h no Pavilhão João Rocha – quem estiver na fila a esta hora ainda poderá votar. Segundo informou o clube, só haverá resultados após o jogo, sabendo-se que as noites eleitorais em Alvalade costumam ser longas – em 2018, só se conheceram os resultados do escrutínio por volta das 2h30 da manhã.

O presidente em exercício é o único candidato repetente, apresentando uma lista bastante diferente da que levou a eleições há quatro anos. Mantém uma parte substancial do Conselho Directivo, incluindo quatro dos seus “vices”, o mesmo não acontecendo com as listas para o Conselho Fiscal e Disciplinar e Mesa da Assembleia Geral. Rogério Alves não é candidato à presidência da MAG, substituído na lista pelo “vice” João Palma. Também Joaquim Baltazar Pinto sai da liderança do CFD, com o “vice” João Teives a liderar a lista.

Os outros dois são estreantes na corrida eleitoral dos “leões” como cabeças de lista. Ricardo Oliveira, de 51 anos, é gestor de profissão e presidente da Federação Portuguesa de Padel, e já esteve na lista de Dias Ferreira para o Conselho Directivo em 2018. Foi dessa lista que saiu a iniciativa “Sporting com Rumo” e, mais tarde, a candidatura às eleições encabeçada por este antigo campeão nacional de golfe nascido em Angola. Por seu lado, Nuno Sousa, gestor de 46 anos e sportinguista do Norte do país (nasceu no Porto), já tinha feito uma declaração de intenções em 2020 e confirmou a sua candidatura em Dezembro do ano passado.

Varandas garante que o processo de reestruturação financeira está em curso e que o Sporting não irá perder o controlo da SAD. “Dividimos em duas fases, em Novembro de 2019 conseguimos garantir a recompra a 30 cêntimos como estava alinhavado. Havia 47 milhões de dívida vencida que temos de resolver. Estamos a concluir o processo de recompra das VMOC. Posso garantir aos sócios que vamos recomprar as VMOC”, afirmou o presidente “leonino” no debate. Mas a oposição não acredita em Varandas, nem na capacidade actual em fazer essa recompra e evitar a perda de controlo da SAD.

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