Eleições no Sporting: concorrentes criticam gestão de Varandas e relação com os sócios

Actual presidente do clube, e novamente candidato ao cargo, sublinha que os adversários não têm nada a apontar ao actual programa desportivo.

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Frederico Varandas vai ter dois adversários nas urnas LUSA/MÁRIO CRUZ

Os candidatos à liderança da direcção do Sporting Ricardo Oliveira (lista B) e Nuno Sousa (lista C) criticaram nesta quarta-feira a gestão do actual presidente, Frederico Varandas (lista A), no debate realizado no museu do clube, em Lisboa.

“A candidatura de Frederico Varandas e o mandato que agora termina tem um pecado original, que é a péssima relação com os sócios. Relembro que o mote da campanha era unir o Sporting e acho que falhou completamente. Além disso, há uma clara falta de transparência, liderança e competência na gestão”, atirou Nuno Sousa, na Sporting TV.

Lembrando que o seu foco “será sempre a relação com os sócios”, o gestor, primeiro candidato assumido à presidência dos campeões nacionais de futebol, considerou que “muitas propostas” lançadas há quatro anos pela actual direcção “não foram cumpridas”.

“Candidatamo-nos porque somos a verdadeira e real alternativa, feita de pessoas que querem ser reconhecidas pelas ideias que foram desenvolvidas ao longo de dois anos. Achamos que este é o mais vasto e profundo programa eleitoral apresentado”, frisou.

Já Ricardo Oliveira lamentou ter observado “dois anos desastrosos” a nível financeiro no início do mandato de Frederico Varandas, advertindo, contudo, que “não se candidata contra ninguém”, mas porque “acredita que tem um projecto vencedor” para a instituição.

“A razão principal são algumas preocupações sobre o rumo actual do Sporting. Tenho a solução imediata para os resolver e posso fazer do Sporting um clube unido, com futuro, um projecto sustentável e uma cidade do desporto, que se livre dos perigos todos que neste momento giram à volta dele. É por isso que me candidato ao Sporting”, partilhou.

O actual presidente da Federação Portuguesa de Padel recordou ainda as “manifestações de desagrado no estádio” antes da eclosão da pandemia de covid-19 e a contratação de Rúben Amorim, “um excelente treinador, comunicador e gestor”, que “fez com que os sportinguistas se unissem à volta dele” a caminho do título de campeão 19 anos depois.

“Os maiores defeitos desta direcção são a canibalização das receitas antecipadas, bem como a gestão financeira e os valores praticados nas transacções. O Sporting compra jogadores acima dos valores ditos nos sites da especialidade e vende por norma abaixo. Os juros altos das operações financeiras são uma preocupação e também não conheço soluções para os valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis (VMOC)”, detalhou.

"Empatia com os sócios anónimos"

Acusado de “falta de empatia com os sócios”, Frederico Varandas recusou alimentar o “culto da personalidade”, considerando que o clube “está muito melhor” desde 2018, ainda que “possa continuar a crescer” para “acabar com a diferença estrutural para os rivais”.

“Sinto que esta direcção tem empatia com os sócios anónimos, em vez daqueles que gostariam de continuar a ter palco. Sobre a união, com todo o respeito que merecem os dois candidatos, li os seus programas e declarações e penso que é difícil unir mais um clube quando tenho concorrentes que não alteravam nada no programa desportivo, o treinador, o director desportivo. Possivelmente, alteravam a figura do presidente”, vincou.

O vencedor das últimas eleições, com 42,32% dos votos (8.717 votantes), ilustrou como “capítulo final” do seu lema de campanha em 2018 os minutos finais da goleada caseira sofrida ante os ingleses do Manchester City (0-5), nos “oitavos” da Liga dos Campeões.

“Tivemos um estádio cheio, onde a equipa sofreu uma dura derrota. Durante mais de 10 minutos, vimos os sócios orgulhosos e a agradecer por este Sporting a quem têm de agradecer. Ninguém está a aplaudir uma derrota por 5-0. Todos os sócios estavam a aplaudir o que o Sporting fez nos últimos anos. Não há mensagem mais bonita. Tudo é recompensado ao ver aquela manifestação de união dos sócios e adeptos”, finalizou.

As eleições dos órgãos sociais do Sporting para o quadriénio 2022-2026 decorrem a 5 de Março, das 9h00 às 20h00, no Pavilhão João Rocha, em Lisboa, quatro anos após o sufrágio mais concorrido de sempre, com 22.510 sócios votantes, entre 51.009 elegíveis.

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