A Economia do Imperialismo e do Separatismo

A guerra na Ucrânia leva-nos a questionar por que razão uns se separam (as regiões separatistas) enquanto outros anexam, integram ou absorvem.


As atuais tensões no leste europeu têm-nos colocado a revisitar antigos livros que julgávamos perdidos. Sobretudo, cujo conteúdo julgávamos datado. Títulos como a “Economia do Imperialismo”, durante as décadas de 1960 e de 1970, eram abundantes em certos meios do mundo ocidental.

No entanto, as tensões que envolvem o epicentro na Ucrânia levam-nos a questionar por que razão uns se separam (as regiões separatistas) enquanto outros anexam, integram ou absorvem (dependendo do conceito e da perspetiva do observador).

As três dimensões motivadoras do separatismo são a perceção de ser contribuinte líquido do “centro” (e não beneficiário líquido), a densidade de recursos (humanos, financeiros...) e a capacidade de resposta à reatividade do centro. Tem sido assim há milénios. Foi inclusive assim connosco, enquanto Condado Portucalense, e foi assim com o Brasil do Ipiranga, só para citar alguns exemplos entre outros da nossa História.

Já as três dimensões propulsoras das anexações são a procura de custos de transação mais baixos, o alargamento de mercados e a afirmação negocial internacional. Isto na perspetiva do centro aglutinador. Obviamente, a multidão de exemplos do passado recheou estas dimensões com figuras de estilo politizadas, desde as metáforas do “espaço vital” até às paráfrases da pacificação regional. Figuras de estilo que, pelos vistos, não se encontram esgotadas no léxico da atualidade.

Entre a Economia do Separatismo e a Economia do Imperialismo, temos a Economia da Guerra. Que julgávamos ultrapassada nas questões de figuração belicista e que pensávamos transformada por tensões diplomáticas. No entanto, podemos encenar Shakespeare de calças de ganga, que Hamlet e Lear continuam vivos. Tão vivos como as pressões inflacionistas, as contingências orçamentais, as restrições de consumo e de conforto ou a pressão na oferta que mesmo a milhares de quilómetros, neste mundo de proximidade digital, serão incontornáveis. A prazo. Porque, para lá do prazo, as placas tectónicas continuarão o seu trajeto.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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