Cinco séries na Idade das Trevas

Considerada uma época de obscurantismo, tirania, violência e depravação, a Idade Média contém em si material de inspiração para histórias de todos os géneros. Estas escolhas – umas mais fiéis à realidade histórica, outras plenas de fantasia – remetem-nos para esse período conturbado da História humana.

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A Guerra dos Tronos
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The Last Kingdom
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O Nome da Rosa
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Pedro e Inês
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A Rainha Branca

A Guerra dos Tronos

HBO
Criada em 2011 por David Benioff e D.B. Weiss, A Guerra dos Tronos é um produto do seu tempo e quase fora do tempo. É uma história num mundo ficcional no passado, com muitos povos, tribos e culturas minuciosamente construídas em torno de lutas por amor e poder. Tornou-se num franchise, como a Marvel, Star Wars ou Harry Potter, mas sem a dimensão juvenil. Tem efeitos visuais e orçamentos milionários e é um novelo televisivo com pontas soltas na literatura e um desejo de futuro – “o que é a próxima Guerra dos Tronos?” – e uma gigantesca dívida aos fãs, ao momento da história da televisão em que surgiu e ao orçamento da HBO. Esta série é, mesmo com muitos milhões que nunca a viram ou pegaram num dos livros d’ As Crónicas de Gelo e Fogo de George R.R. Martin que lhe serve de base, uma experiência global. Dinastias em contenda, um elenco tentacular em que é difícil identificar um só protagonista e uma filigrana de religiões e misticismo inspiradas na Guerra das Rosas do século XV britânico tornaram-se uma fábula dos nossos tempos, onde cabe toda a gente – mesmo quem nunca se interessou por dragões, lobos gigantes e zombies de gelo. “A luta entre o bem e o mal está no coração humano. Todos temos a capacidade para ambos”, dizia George R.R. Martin ao PÚBLICO em Lisboa em 2012, em plena combustão da fama planetária. Queria mostrar que tudo é possível e que o mundo (da fantasia) não é a preto e branco. No elenco principal estão Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey, Emilia Clarke, Iain Glen, Michelle Fairley, Richard Madden, Kit Harington, Sophie Turner, Maisie Williams, Isaac Hempstead Wright e John Bradle, entre outros. Nomeada para centenas de prémios, recebeu 58 Emmys e um Peabody Award. JAC

The Last Kingdom

Netflix
Misturando eventos e personagens reais com ficção, The Last Kingdom tem autoria de Stephen Butchard. A acção é ambientada nos finais do século IX, quando uma parte do território que é hoje Inglaterra foi anexado pelos Vikings e o reinado de Wessex ficou sob o comando de Alfred, o Grande. Tendo por base as Crónicas Saxónicas, escritas por Bernard Cornwell, um dos mais importantes escritores britânicos da actualidade, a série segue Uhtred (interpretado por Alexander Dreymon), um nobre saxão tornado órfão durante os ataques dos vikings. Levado pelo inimigo ainda muito jovem – e salvo da tirania do próprio tio –, foi criado como um deles e transformado num grande guerreiro. Já adulto, quando os inimigos atacam a aldeia e matam a sua família adoptiva, Uhtred decide voltar ao lugar onde nasceu e apoderar-se do reino de Bebamburgo, de que é legítimo herdeiro. Muitas vezes forçado a escolher entre o reino dos seus ancestrais e as pessoas que o criaram, ele vê o seu coração dividido, questionando o sentido de lealdade e de justiça.

O Nome da Rosa

RTP1
Realizada por Giacomo Battiato em 2019, esta série transporta para o pequeno ecrã uma história de crime e mistério passada num mosteiro no século XIV, em plena Idade Média, escrita pelo celebrado filósofo Umberto Eco (1932-2016). Depois da morte misteriosa de um jovem num mosteiro beneditino no Norte de Itália, em que a vítima aparece com os dedos e a língua roxos, Guglielmo da Baskerville (John Turturro), um respeitado monge franciscano, é enviado para determinar a causa. À medida que a investigação avança, mais mortes vão ocorrendo, deixando aterrorizados os outros religiosos, que temem pela própria vida e que se deixaram convencer de que os crimes seguem a sequência do Apocalipse. Guglielmo e Adso (Damian Hardung), seu ajudante e aprendiz, apercebem-se de que a chave do mistério se encontra na extraordinária biblioteca do mosteiro, cujo acesso lhes é vedado. Durante as investigações, vão fazer um inimigo muito poderoso: Bernardo Gui (Rupert Everett), um inquisidor.

Pedro e Inês

Arquivos RTP
Produzida para a RTP em 2005, por ocasião do 650.º aniversário da morte de Inês de Castro, esta série conta com argumento de Francisco Moita Flores e realização de João Cayatte – também conhecido pelas séries João Semana, Quando os Lobos Uivam ou Vento Norte. Ao longo dos seus 13 episódios, seguimos o amor trágico entre D. Pedro e D. Inês de Castro, desde a chegada dela a Portugal, em 1336, enquanto dama de companhia de D. Constança Manuel (a princesa prometida ao futuro rei), até à sua coroação, ocorrida já depois de ter sido assassinada a mando do rei D. Afonso IV. Combinação de acontecimentos reais e ficcionais, Pedro e Inês destaca também alguns eventos que marcaram a época, desde as pestes que assolaram o país aos confrontos com Castela. As filmagens decorreram na Mata dos Sete Montes (Tomar) e no Mosteiro de Alcobaça, onde ainda hoje se encontram os túmulos dos dois amantes. No elenco encontramos alguns dos mais importantes actores portugueses, entre eles Nicolau Breyner, Ana Moreira, Ana Bustorff, Leonor Seixas, Filomena Gonçalves, Pedro Laginha, Fernanda Lapa, Sofia de Portugal, Duarte Guimarães, António Montez, António Capelo, José Eduardo, Adriano Carvalho, Carla Chambel, José Fidalgo, Manuel Wiborg, Paula Lobo Antunes e Luís Esparteiro.

A Rainha Branca


HBO
Esta série, realizada em 2013 por Colin Teague, James Kent e Jamie Payne, tem por base os livros The White Queen (2009), The Red Queen (2010) e The Kingmaker's Daughter (2012), escritos pela inglesa Philippa Gregory. A acção tem início em 1464, antes da dinastia Tudor governar Inglaterra, no decorrer da famosa Guerra das Rosas, marcada por diversas lutas dinásticas pelo trono inglês – que ocorreram, de forma intermitente, entre 1455 e 1485. Duas casas reais, York e Lancaster, disputavam o trono quando o jovem Edward IV (Max Irons), da Casa de York, venceu Henry VI (David Shelley) e se proclamou rei, com a ajuda do manipulador Lord Warwick (James Frain), seu tio. Henry e Margaret de Anjou, a sua esposa, fugiram para França, com o objectivo de criar uma aliança e regressar com um exército que os ajudasse a reclamar o trono. Mas quando Edward se apaixona por Elizabeth Woodville (Rebecca Ferguson), uma jovem viúva pertencente ao clã Lancaster, o plano de Warwick para controlar o reino perde o sentido. Através do ponto de vista de Elizabeth, Margaret Beaufort (Amanda Hale) e Anne Neville (Faye Marsay), três mulheres fortes e decididas, esta é uma história de amor, paixão, manipulação e guerra. Em 2014, A Rainha Branca teve quatro nomeações para os Emmys. Como continuação desta história, em 2017 foi realizada The White Princess, sobre a união entre Elizabeth de York (filha mais velha de Edward e Elizabeth) com Henry VII, que viria a terminar com a Guerra das Rosas.

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