O amor não é...

A violência pode ser conferida de várias formas, desde a agressão física, psicológica, emocional e sexual e deixa marcas profundas e duradouras nas vítimas.

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"As raparigas continuam a ser as vítimas mais frequentes, mas também há relatos de rapazes vítimas de violência" @petercalheiros

Hoje é Dia dos Namorados e celebra-se o amor, sendo necessário aproveitar esta data para sensibilizar e relembrar os jovens que a violência sob qualquer forma e pretexto não é amor. Muitas situações que acabam em violência contra o parceiro, principalmente as mulheres, tem o seu início no namoro sendo este um tema que precisa ser falado abertamente em casa, nas escolas e nos locais frequentados por jovens, sobretudo, porque a violência no namoro é um importante preditor da violência conjugal.

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Segundo o estudo nacional sobre violência no namoro, realizado em 2020 pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), 67% dos jovens legitimaram pelo menos um tipo de comportamento de violência num relacionamento amoroso.

A violência pode ser conferida de várias formas, desde a agressão física, psicológica, emocional e sexual e deixa marcas profundas e duradouras nas vítimas. As raparigas continuam a ser as vítimas mais frequentes, mas também há relatos de rapazes vítimas de violência. Insultos, ameaças, controlo, empurrões, pressionar para ter relações sexuais, proibição de estar ou de falar com os amigos são frequentes numa relação onde há violência, podendo variar na sua intensidade e gravidade.

Infelizmente são comportamentos demasiadas vezes justificados e desvalorizados pelo agressor e pela vítima, que acaba por sentir-se culpada e confundir os comportamentos agressivos com demonstrações de amor e ceder mais e mais uma vez. “Deixas-me louco”, “Fiz isso porque não te quero perder” são alguns dos argumentos usados.

A ausência de reconhecimento destas formas de violência na intimidade, sobretudo nos mais jovens, é um factor de preocupação dado que acaba por legitimar e perpetuar os actos. Às vezes, por medo de falta de informação, por vergonha ou receio das críticas, as vítimas não procuram ajuda e permanecem na relação. Neste sentido, a prevenção e a mudança de crenças e discursos sociais promotores de condutas violentas é urgente. É preciso uma intervenção em rede, multidisciplinar e coesa que estimule relações de género paritárias e que promovem a autonomia e a resiliência dos jovens, sobretudo das raparigas que são as maiores vítimas de violência comparativamente com os rapazes.

Ainda há um longo percurso a fazer ao nível da consciencialização desta problemática, mas podemos começar por clarificar o que não é amor:

  • Usar as redes sociais para insultar ou colocar fotografias comprometedoras;
  • Exigir as passwords para aceder à conta do parceiro;
  • Tirar o telemóvel do outro para ver mensagens e outros movimentos nas redes sociais;
  • Ameaçar e mandar mensagens de intimidação;
  • Perseguir;
  • De forma frequente exercer controlo e necessidade de saber onde está, com quem e o que está a fazer, podendo exigir provas;
  • Pressionar para ter relações sexuais;
  • Não aceitar a forma de vestir do outro e impedir de usar algumas roupas;
  • Criticar, desvalorizar, humilhar;
  • Ignorar as necessidades do outro;
  • Exigir fotografias íntimas;
  • Ter explosões de raiva que deixam o outro assustado;
  • Dizer que o que se passa na relação é para ficar em segredo.

Se precisar de ajuda procure:

APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima: 21 358 7900

Serviço de Informação às Vítimas de Violência Doméstica da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género: 800 202 148 – Linha gratuita, 24h.

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