Belo de dia, feio à noite
Chega-se ao fim como se chega ao fim de uma lista de tópicos num caderno de apontamentos para um filme, um filme que não foi, de facto, feito.
Arthur Rambo (e atenção à pronúncia francesa ou perde-se o trocadilho) baseia-se numa história real sucedida em França há poucos anos, quando se veio a verificar que um jovem de origem magrebina, activista de causas sociais durante o dia, à noite era também o autor, sob pseudónimo, de tweets incendiários de teor anti-semita, misógino, homofóbico, e por aí fora. Laurent Cantet (que tarda em reencontrar o élan que o destacou naquela sequência de filmes notáveis, Recursos Humanos, O Emprego do Tempo e A Turma) muda o que tem de mudar, por exemplo os nomes, para ficar com os dados de base da situação: eis-nos então perante Karim D., jovem escritor de ascendência argelina, que acaba de publicar um aclamado romance sobre a experiência dos magrebinos em França, no mesmo momento em que é denunciado como Arthur Rambo, cultor da mais sectária e preconceituosa violência na internet.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.