Exportações aceleram, mas importações crescem ainda mais

Exportações de bens continuam a acelerar e já são 9,2% maiores do que eram antes da pandemia. No entanto, o crescimento das importações, com os preços do petróleo a ajudar, é ainda mais acentuado

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Nelson Garrido

As vendas e compras de produtos de Portugal ao resto do mundo voltaram, nos últimos três meses do ano, a acelerar, confirmando a forte recuperação que se verifica desde a pandemia no comércio internacional. Para a economia portuguesa, o problema é que, num cenário de subida dos preços do petróleo, as importações estão a crescer bastante mais do que as exportações.

De acordo com a estimativa rápida da evolução do comércio internacional publicada esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), as exportações portuguesas de bens cresceram 12,7% no quarto trimestre face ao período homólogo do ano anterior. Este valor representa uma aceleração face ao crescimento de 12% registado no terceiro trimestre do ano.

E quando a comparação é feita com o período homólogo de 2019, ainda antes da pandemia, o crescimento das exportações no quarto trimestre de 2021 é já de 9,2%, um valor também ligeiramente superior aos 8,9% registados no terceiro trimestre.

Este bom desempenho das exportações portuguesas de bens - que atingem já valores superiores ao período pré-crise, tendo recuperado da quebra registada nos fluxos de comércio internacional durante a pandemia – acontece, no entanto, em simultâneo com uma aceleração ainda mais acentuada das importações.

De acordo com o INE, no quarto trimestre de 2021, as importações cresceram 26,5% face ao período homólogo do ano anterior e 14,5% face a 2019. No terceiro trimestre, estas variações tinham sido de 20,3% e de 5,3%, respectivamente, o que mostra uma aceleração significativa.

A influenciar este resultado das importações está o facto de os preços dos produtos energéticos, que constitui uma parte importante das compras realizadas por Portugal ao estrangeiro, estarem em forte alta a nível internacional.

O crescimento mais forte das importações face ao desempenho das exportações significa que nesta fase a balança comercial de bens portuguesa está a acentuar o seu desequilíbrio. E, ao nível dos serviços – que não são contabilizados nos dados publicados esta sexta-feira pelo INE – a pandemia também trouxe mais problemas ao saldo comercial português, neste caso por causa das perdas registadas nas exportações de serviços de turismo.

Os dados definitivos e detalhados do comércio internacional de bens para a totalidade do ano de 2021 serão publicados pelo INE no próximo dia 9 de Fevereiro.

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