Na Estrela, as eleições fazem-se de bata e viseira para que todos possam votar

No dia 30, o voto é para todos — mesmo para os que estão em confinamento. Por isso, na Estrela, há regras a dobrar para garantir a segurança de todos. “Há muita gente que vai correr riscos e vai na mesma prestar um enorme serviço público.”

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Luís Newton, presidente da junta de freguesia da Estrela (Lisboa) Daniel Rocha

O presidente da Junta de Freguesia da Estrela, em Lisboa, diz que não foi fácil reunir quase 200 pessoas para assegurar que no dia 30 de Janeiro todas as secções de voto estejam a funcionar em pleno. “Houve muita hesitação”, conta Luís Newton (PSD), que ainda aguarda as recomendações finais da Direcção-Geral de Saúde sobre medidas a implementar.

Como está a correr a organização do processo eleitoral na Estrela?
Para dia 30 estamos a montar um ‘sistema de protecção’ para todos os membros da mesa e serviços de apoio, à semelhança do que já tínhamos feito em todos os outros actos eleitorais. Temos neste momento índices de transmissão enormes. A única forma de impedir que isso se transforme num problema ainda mais sério é garantir que os membros da mesa e os funcionários da junta, que estarão a receber muitas pessoas — sendo que entre elas podem estar muitas assintomáticas —, estejam com a protecção necessária (máscaras correctas, batas), que haja zonas de circulação e afastamentos garantidos e que haja arejamento das instalações. Se já tínhamos uma planificação muito intensa para os actos eleitorais que decorreram em pandemia, com este número de casos diários, reforçámos muito todos os aspectos que permitam às pessoas estarem mais protegidas do que nunca.

Quando antes as pessoas utilizavam só uma máscara, estamos agora a recomendar que sejam também utilizadas viseiras e batas para aumentar a protecção. Estamos ainda a aguardar a confirmação daquele horário especial para o voto de quem está em isolamento para podermos implementar algumas medidas adicionais. E as recomendações finais da Direcção-Geral de Saúde sobre medidas a implementar. Estamos a uma semana das eleições e estamos ainda nesta indefinição.

Parece-me sobretudo uma enorme falta de planeamento. Há semanas que tínhamos indicadores da possibilidade de assistirmos a uma vaga muito intensa no período das eleições. Já sabíamos que haveria muita gente em isolamento. Num momento tão importante para o país, não podemos deixar uma fatia significativa dos eleitores sem acesso à eleição.

Foi difícil conseguir pessoas suficientes para assegurar o funcionamento de todas as secções de voto?
Na Estrela temos, salvo erro, 22 secções de voto. Estamos a falar de quase 200 pessoas, entre membros que estão na mesa e staff de apoio. Vamos ter pessoas aqui a garantir a circulação e o encaminhamento mais rápido dos eleitores. Houve muita hesitação. Tivemos muitas substituições, mas conseguimos garantir o funcionamento de todas as mesas.

A freguesia terá alguma secção de voto aberta para o voto antecipado?
Chegou a estar previsto há 15 dias que em Lisboa houvesse a necessidade de ter quase centena e meia de mesas de voto espalhadas pela cidade. A freguesia da Estrela disponibilizou-se para implementar essas mesas já no dia 23 caso fosse necessário. Entretanto, as inscrições não vieram a confirmar estes números e foi tudo desmobilizado.

Acredita que no dia 30 de Janeiro a eleição decorrerá sem percalços?
Acredito que no dia 30 as coisas vão correr o melhor possível. E muito por esforço das pessoas que vão estar sentadas nas mesas a receber os votos dos seus concidadãos. Este é um ponto que deveria ser enaltecido: há muita gente que vai correr riscos e vai na mesma prestar um enorme serviço público. Essas pessoas deveriam ter um reconhecimento muito grande.

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