“O que uma foto faz”

Isabel e Armando reconheceram-se na fotografia com 38 anos que mostra um casal de namorados à beira-Tejo.

Foto
Casal de namorados com Tollan ao fundo José Vieira Mendes

No dia em que visitou a sua exposição, o fotógrafo José Vieira Mendes disse a dado momento: “O que uma foto faz!”

Tinha razão, só não sabia quanta.

Cerca de um mês antes, Vieira Mendes tinha sido contactado por uma família que julgava ter reconhecido o casal de namorados retratado numa das suas fotografias. Captada na Primavera de 1983, a imagem mostra um homem e uma mulher jovens abraçados junto ao Tejo, com o naufrágio do Tollan em pano de fundo.

Tal como o PÚBLICO relatou no artigo Era um domingo de sol em Lisboa, publicado na edição de 26 de Dezembro, a família deslocou-se ao Arquivo Municipal de Lisboa, onde a fotografia está exposta, identificou os protagonistas como sendo Helena e Joaquim e recebeu do fotógrafo uma cópia daquela imagem em tamanho grande.

Era um domingo de sol em Lisboa. Isto é certo. E também parece certo que a fotografia captou bem o espírito do tempo, ao ponto de duas famílias nela se reconhecerem.

Logo no dia da publicação do artigo, um outro casal apresentou-se como sendo o retratado naquela fotografia.

Isabel e Armando, residentes em Lisboa, na época estudantes com 20 e 18 anos, não têm dúvidas de que são eles. Reconheceram-se assim que foram alertados por mensagens de familiares e amigos, que os identificaram imediatamente, mesmo já tendo passado 38 anos.

E fizeram chegar ao PÚBLICO várias fotografias daquele período, que eles próprios tiraram, em que surgem muito idênticos e com roupas em tudo semelhantes às que o casal de namorados veste na imagem de Vieira Mendes. Reabrir os álbuns e limpar o pó às memórias fê-los reviver tempos felizes da juventude.

A família de Helena e Joaquim mantém-se convicta de que são eles os fotografados.

“O que uma foto faz!”, disse Vieira Mendes naquele dia. Tinha razão.

Em 1983, ele fotografou um casal anónimo, sem o conhecer, apenas porque gostou de o ver abraçado junto ao rio com uma marca inconfundível daquele tempo: o encalhado Tollan. Naquela fotografia cabem todos os namorados de Lisboa à beira Tejo.

Sugerir correcção
Ler 17 comentários