Serviço de autocarros a pedido chega ao fim mas poderá voltar a Lisboa

O serviço partilhado de mobilidade a pedido, XBUS, que esteve em fase de teste de 15 de Junho a 7 de Janeiro, teve uma adesão significativa por parte da população de Lisboa mas se vier a ser implementado no futuro será de forma pontual, diz a transportadora.

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XBUS esteve em funcionamento nas freguesias das Avenidas Novas, Campolide e São Domingos de Benfica Bruno Lisita

A passada sexta-feira marcou o último dia do XBUS, a primeira aplicação de transporte a pedido de Lisboa, desenvolvida pela Carris, que permitia às pessoas “pedirem um autocarro” pelo telemóvel.

O “projecto-piloto” estava em fase de experimentação desde 15 de Junho e pretendia testar “a eficácia destas tecnologias, a receptividade dos tripulantes e a reacção da população a este tipo de oferta”, explicou Ema Favila Vieira, secretária-Geral da Carris, ao PÚBLICO.

Através da aplicação XBUS by Carris ou da linha de atendimento da empresa, os lisboetas podiam solicitar um autocarro nas paragens designadas do XBUS, assim como acompanhar os tempos de espera e de viagem em tempo real, pelo mesmo preço de um autocarro normal.

Abrangendo 60 paragens, o serviço operou nas freguesias das Avenidas Novas, Campolide e São Domingos de Benfica, que foram seleccionadas devido à sua “diversidade”, explicou a secretária-Geral.

“Procurámos definir uma zona de operação que nos pudesse trazer diferentes insights. Por exemplo, temos nesta zona geográfica áreas mais residenciais e outras mais de serviços, grandes pólos geradores de viagens, estações de comboio e metro, mas também zonas com menor oferta de transporte público”, sublinhou.

Este tipo de tecnologia já existia antes da implementação do XBUS para responder a necessidades como “o transporte de pessoas com deficiência motora em zonas de baixa densidade populacional”, mas só com a transformação digital foi possível a Carris implementar a aplicação “com um âmbito mais alargado”, acrescentou a responsável da transportadora.

Não existindo para já dados sobre a recepção da população, a empresa considera que houve “um número significativo de pessoas com interesse no serviço”, já que se contabilizaram 1800 downloads da aplicação e centenas de utilizações, “mesmo num ambiente de pandemia que condicionou fortemente a mobilidade da população”, afirmou Ema Favila Vieira.

Em colaboração com outras cidades mundiais, como Barcelona, Berlim e Moscovo, que também têm projectos de demand responsive transport, foi possível observar ainda “que as aplicações são sempre complementares à oferta de transporte público convencional”.

Questionada pelo PÚBLICO sobre a possibilidade de a Carris implementar este serviço para toda a cidade de Lisboa, a secretária-Geral esclareceu que “não nos [à Carris] parece fazer sentido neste momento alargar a toda a cidade, mas sim estudar casos de uso pontuais em que esta solução pode ser a melhor forma de garantir uma boa oferta de transporte público”.

Após um teste de seis meses, o projecto chega agora ao fim mas permitiu “testar a tecnologia, definir a operação e compreender as necessidades do cliente”, segundo um comunicado publicado no site da Carris.

De futuro, a empresa fará uma avaliação sobre os resultados do projecto, que “serão fundamentais no desenho de novas soluções de mobilidade para a cidade de Lisboa”, explica ainda a nota.

O XBUS surgiu em 2021 no enquadramento do projecto Cooperative Streets (C-Streets), responsável por instalar pilotos e pré implementar sistemas cooperativos de transporte inteligentes em áreas urbanas europeias.

O projecto contou ainda com o apoio do Mecanismo Interligar a Europa, um instrumento de financiamento da União Europeia que promove o crescimento, o emprego e a competitividade nos sectores digital, dos transportes e da energia.

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