Mais de 200 pessoas mortas em ataques no Noroeste da Nigéria

Ataques em várias aldeias aconteceram depois de uma operação do Exército contra um grupo armado. Centenas de pessoas fugiram das suas casas para escapar à violência.

Foto
Buhari descreveu os últimos ataques como "um acto de desespero" Reuters

Mais de 200 pessoas já foram enterradas, mas há muitos desaparecidos e o número pode aumentar. “Os últimos ataques dos bandidos contra pessoas inocentes são um acto de desespero da parte de assassinos em massa, agora sob a pressão implacável das nossas forças militares”, afirmou o Presidente da Nigéria, Muammadu Buhari, reagindo assim aos mais recentes massacres de civis no estado de Zamfara, no Noroeste do país.

Os grupos armados que têm apavorado as populações no Noroeste, com raptos de centenas de pessoas e outros crimes violentos, foram alvo de uma operação das forças de segurança, que em vários ataques na segunda-feira mataram mais de 100 “bandidos”, incluindo dois dos seus líderes. Nos dias seguintes, mais de 300 homens armados atacaram de mota 18 aldeias, disparando contra os residentes e incendiando casas.

Babandi Hamidu, habitante da aldeia de Kurfa Danya, diz, citado pela Al-Jazeera, que os assaltantes disparavam contra “qualquer pessoa que vissem”.

“Estamos muito tristes com esta invasão incessante… e também estamos preocupados com os deslocados, as pessoas que estão a fugir às centenas das suas casas”, afirmou à AFP o porta-voz de Sadiya Umar Farouq, ministro dos Assuntos Humanitários. Residentes que regressaram sábado às suas aldeias para organizar os enterros disseram à Reuters que os mortos são mais de 200.

O ano passado, estes grupos armados lançaram vários ataques a escolas internas, raptando centenas de alunos e de alunas de cada vez. A maioria foi libertada mas há estudantes que continuam desaparecidos.

O sequestro, principalmente nos vastos territórios do Noroeste, onde o Estado está quase ausente, “é o negócio em maior crescimento na Nigéria”, comentou, a partir de Abuja, o correspondente da Al-Jazeera, Ahmed Idris. De acordo com Idris, continuam a ser encontrados corpos em Zamfara e alguns terão sido mutilados ou queimados.

“O conflito está a tornar-se mais mortífero à medida que as forças de segurança tentam lidar com o problema”, afirma Idris, explicando que os recursos são curtos, com o Exército a ter de responder em conflitos em 34 dos 36 estados nigerianos. A violência destes grupos tem raízes nos confrontos entre pastores de gado nómadas e agricultores sedentários, mas ao longo dos anos, entre ataques e retaliações, tornou-se uma questão de criminalidade mais generalizada.

As Forças Armadas disseram a semana passada que mataram 537 “bandidos armados e outros elementos criminosos” na região desde Maio, ao mesmo tempo que feriram 374 e libertaram 452 “civis raptados”.

Ao longo do mês passado, os membros de um gangue conhecido, liderado por Bello Turji, sofreram duras baixas nos seus campos na floresta. “Zangados com isto, e talvez porque enfrentam a morte certa, decidiram deslocar-se para outros locais e parecem estar a fazer estes ataques no processo”, disse à AFP Kabir Adami, analista de segurança na consultora Beacon.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários