Alexandre Poço recusa pelouros de Isaltino e suspende mandato de vereador

Isaltino Morais conversou com a concelhia do PSD de Oeiras e mostrou disponibilidade para atribuir pelouros ao partido. A concelhia aceitou e Alexandre Poço, que foi o cabeça de lista à câmara, discordou e bateu com a porta.

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Alexandra Poço liderou a lista do PSD à Câmara de Oeiras DIOGO VENTURA

Alexandre Poço, que liderou a lista do PSD à Câmara de Oeiras nas últimas eleições autárquicas, decidiu esta quarta-feira suspender as funções de vereador que desempenhava desde o início do mandato por discordar da decisão da concelhia local do partido de aceitar pelouros.

“Em consequência da decisão do PSD-Oeiras de aceitar pelouros por parte do presidente da Câmara Municipal de Oeiras suspendi ontem [quarta-feira] as minhas funções enquanto vereador da Câmara Municipal de Oeiras”, lê-se num comunicado que Alexandre Poço, publicou na sua página no Facebook.

“Desde que tomei posse enquanto vereador, após as eleições de Setembro de 2021, exerci o meu mandato na câmara municipal sem pelouros, contribuindo sempre, sem quaisquer competências delegadas, com propostas e soluções para o futuro de Oeiras, não deixando de colocar as questões que importam aos munícipes de Oeiras”, acrescenta o também deputado à Assembleia da República e presidente da Juventude Social-Democrata.

Considerando que neste momento, em face da nova situação política, não reúne as condições para a continuidade do mandato, Alexandre Poço diz que só lhe resta devolver o seu mandato para o qual foi eleito ao partido.

Eleito em décimo lugar na lista de deputados pelo círculo eleitoral de Lisboa, encabeçada por Ricardo Baptista Leite, o até agora vereador da Câmara de Oeiras só estava disponível para desempenhar as funções autárquicas sem pelouros e foi nessas circunstâncias que aceitou assumir o cargo.

O lugar agora deixado pelo único vereador do PSD na Câmara de Oeiras deverá ser ocupado por Gonçalo Costa, empreendedor ligado à investigação científica. Se houver alguma limitação do ponto de vista profissional por parte deste militante, que já presidiu à comissão política concelhia de Oeiras, as funções de vereador serão ocupadas por Susana Duarte, ex-presidente da JSD de Oeiras.

Embora reconhecendo que a decisão de assumir pelouros tem “vantagens, mas também tem desvantagens”, o presidente da concelhia de Oeiras, André Cunha, entendeu que o partido deveria aceitar responsabilidades até porque – disse – essa foi a decisão da comissão política, numa reunião que decorreu em finais de Novembro. Nas suas palavras, é também uma “forma de honrar o programa com que o PSD se apresentou a eleições”.

“Acreditamos que a melhor forma de pôr em prática as ideias do programa do PSD é aceitar pelouros”, justificou André Cunha, em declarações ao PÚBLICO. “Oeiras é sociológica e politicamente social-democrata, disso não temos dúvida. A vereação do PSD irá através do seu trabalho contribuir para a afirmação das nossas políticas sociais e económicas neste que será um importante ciclo de desenvolvimento e de investimento”, afirma em comunicado a concelhia do PSD de Oeiras.

A questão de o partido vir a assumir pelouros foi discutida previamente numa reunião entre o PSD e o presidente da Câmara de Oeiras. André Cunha admite voltar a encontrar-se em breve com Isaltino Morais para definir que pelouros serão na verdade confiados aos sociais-democratas.

Sobre a saída de Alexandre Poço, o líder concelhio não se mostrou muito surpreendido e fez questão de dizer que o vereador que agora suspendeu o mandato está alinhado com o partido a nível local. E remata a conversa com um desafio ao deputado à Assembleia da República: “Será sempre um excelente candidato ao município de Oeiras”.

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