Parlamento da África do Sul em chamas, num “dia triste para a democracia”

Incêndio terá deflagrado na área onde está situada a antiga assembleia nacional sul-africana, dos tempos do apartheid. Não há vítimas, mas as chamas já provocaram danos significativos no Parlamento.

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A coluna de fumo é visível a vários quilómetros de distância Reuters/ROWAN SPAZZOLI
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Reuters/SUMAYA HISHAM

O Parlamento da África do Sul, na Cidade do Cabo, foi parcialmente destruído pelas chamas num incêndio de grandes proporções que deflagrou na manhã de domingo. O incêndio não causou vítimas, mas provocou danos significativos num dos seus três edifícios, e teme-se que tenha destruído um conjunto importante de artefactos históricos.

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, descreveu o incêndio como “um acontecimento terrível e devastador”, e a ministra das Obras Públicas e das Infra-estruturas, Patricia de Lille — que foi actualizando as informações em conferências de imprensa improvisadas, nas imediações do edifício —, disse que este “é um dia triste para a democracia na África do Sul”.

“O Parlamento é a casa da nossa democracia, e é um sítio estratégico”, disse a governante. O Presidente sul-africano recordou que o incêndio aconteceu apenas um dia depois das cerimónias fúnebres do arcebispo emérito Desmond Tutu, que decorreram na catedral anglicana de São Jorge, perto do Parlamento.

“É um terrível revés em relação ao sentimento que nos juntou aqui ontem”, disse Ramaphosa, referindo-se à cerimónia de sábado na Cidade do Cabo. O Presidente sul-africano elogiou o trabalho dos bombeiros, que chegaram ao local em minutos e evitaram, segundo Ramaphosa, que a Assembleia Nacional “ficasse reduzida a cinzas”.

Suspeito detido

As autoridades sul-africanas anunciaram a detenção de um suspeito, um homem de 51 anos de idade sobre o qual não foram avançadas mais informações. As causas ainda não são conhecidas, mas sabe-se que o incêndio deflagrou no 3.º piso do edifício da antiga assembleia nacional — um dos três edifícios, e o mais antigo, do Parlamento sul-africano.

“Os líderes do Parlamento estão transtornados com a extensão dos danos causados, e pedem às autoridades relevantes que não deixem nenhuma pedra por levantar nas suas investigações sobre a causa do incêndio”, lê-se num comunicado dos serviços do Parlamento sul-africano.

Segundo a ministra Patricia de Lille, a meio da manhã de domingo, os bombeiros conseguiram conter as chamas no Conselho Nacional das Províncias (a câmara alta do Parlamento) e na Assembleia Nacional (a câmara baixa), antes de o incêndio provocar danos significativos. Os maiores danos foram registados nas instalações da antiga assembleia nacional da África do Sul, cujo tecto desabou parcialmente.

A antiga assembleia, construída em 1884, foi a Casa da Assembleia nos tempos do apartheid, onde apenas tinham lugar os representantes da minoria branca.

“Ainda não é possível ver em pormenor o que foi destruído”, disse Jean-Pierre Smith, um dos responsáveis pela segurança na Cidade do Cabo, citado pela BBC. “A antiga assembleia tem no seu interior muitos artefactos históricos, mas ainda não conseguimos ter acesso a eles sem arrombarmos portas, e não podemos fazer isso nesta altura”, disse o responsável, ao fim da tarde deste domingo.

Na altura do incêndio, o Parlamento estava praticamente vazio — por ser domingo, e porque os trabalhos legislativos foram suspensos para a época festiva. Os deputados e senadores, e restantes funcionários, só deveriam regressar no final de Janeiro.

Devido aos estragos provocados pelo incêndio, é provável que o discurso do Estado da Nação, do Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, tenha de ser transferido para outro local. O discurso, agendado para 10 de Fevereiro, deverá juntar, num mesmo local, todos os representantes eleitos do Parlamento sul-africano.

“Quero expressar o nosso choque e tristeza”, disse a presidente da Assembleia Nacional, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, citada pelo jornal Sunday Times. “A nossa tarefa, agora, é encontrar um outro local para que o Presidente possa dirigir-se ao povo sul-africano.”

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