Ministra da Saúde não aceita pedido de demissão do conselho de administração do São João

Presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário São João afirmou que a administração continuará em funções até à decisão da ministra da Saúde, Marta Temido.

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LUSA/RUI MANUEL FARINHA / LUSA

A ministra da Saúde, Marta Temido, não aceitou o pedido de demissão que o conselho de administração do Hospital de São João, no Porto, apresentou esta segunda-feira, depois de um incêndio no serviço de Pneumologia ter causado uma morte e ferimentos graves a quatro pessoas.

Num comunicado enviado às redacções, o gabinete da ministra diz que Marta Temido “mantém total confiança no trabalho desenvolvido pelo conselho de administração do Centro Hospitalar e Universitário de S. João e na sua capacidade de congregar esforços para prestar os melhores cuidados de saúde às populações, pelo que não pode aceitar o pedido de demissão”.

“A ministra da Saúde solidariza-se e acompanha a consternação de toda a equipa dirigente perante os factos ocorridos, lamenta profundamente a morte registada, o sofrimento dos familiares envolvidos, agradecendo aos profissionais de saúde e bombeiros que, pondo a sua vida em risco, responderam e combateram o incêndio”, pode ainda ler-se na mesma nota à imprensa, na qual a ministra reconhece o “elevado sentido ético” dos membros do conselho de administração ao colocarem os seus mandatos à disposição.

“Apesar de as causas do incêndio estarem ainda a ser apuradas, nomeadamente através de um processo de averiguações interno, de um processo de inquérito da IGAS [Inspecção-Geral das Actividades em Saúde] e de um inquérito da Polícia Judiciária, com quem estamos a cooperar, e de a avaliação inicial excluir falha estrutural do hospital, existe um sentido ético nos decisores de entidades públicas que não podemos nem devemos esquecer”, afirmou Fernando Araújo, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ), em conferência de imprensa sem direito a perguntas dos jornalistas, que decorreu esta segunda-feira, justificando o pedido de demissão.

O gabinete de comunicação do Ministério da Saúde referiu que Marta Temido se deslocou ao início da tarde desta segunda-feira àquele centro hospitalar, na sequência do incêndio. “A ministra da Saúde lamenta profundamente a morte registada e endereça sentidas condolências aos familiares das vítimas e deseja uma rápida recuperação a todos os feridos”, refere o ministério.

O presidente do conselho de administração do CHUSJ apresentou ainda as condolências à família da vítima mortal e disse também que o órgão de administração ao qual preside “está solidário com os profissionais de saúde afectados que agiram em defesa dos doentes”.

“O hospital prestou, durante todo o processo, informação e apoio psicológico aos doentes e às famílias. O plano de incêndio do hospital e o plano de emergência interno foram prontamente activados, possibilitando a evacuação de emergência, bem como o combate ao incêndio pelas equipas internadas e pelas corporações de bombeiros”, explicou, dizendo que este foi um incêndio “difícil” que deflagrou numa zona “altamente sensível do hospital”.

Vários órgãos de comunicação social noticiam nesta segunda-feira que o incêndio foi provocado por um doente que acendeu um cigarro no quarto, quando se encontrava a receber oxigénio.

Num comunicado emitido pelo CHUSJ no domingo à noite, aquela unidade hospitalar informou que “as causas do incêndio estão a ser apuradas” e que foi aberto um processo de averiguações interno. O incêndio deflagrou pelas 17h40 de domingo e obrigou à retirada de doentes, tendo sido extinto perto das 19h do mesmo dia.

Marcelo Rebelo de Sousa contactou no domingo à noite o presidente do conselho de administração do Hospital de São João, para expressar solidariedade com todas as pessoas envolvidas no acidente. “O Presidente da República falou esta noite” com Fernando Araújo “para se inteirar do incêndio desta tarde, que causou quatro vítimas, uma das quais entretanto falecida, e exprimir solidariedade com todos os afectados e respectivas famílias, mas também com os profissionais daquela unidade de saúde”, refere um comunicado publicado na página oficial da Presidência.

Notícia actualizada às 19h40 do dia 20 de Dezembro de 2021 com a informação de que a ministra da Saúde não aceitou a demissão dos membros do conselho de administração do centro hospitalar.

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