Descarrilamento no Algarve foi provocado por um parafuso colocado de propósito em cima do carril

Desconhece-se se foi sabotagem ou simples brincadeira. Assunto foi entregue à PJ, para investigação.

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O local do acidente fica afastado de zonas residenciais e não é de fácil acesso DR

Um parafuso colocado em cima do carril terá estado na origem do descarrilamento de uma automotora, na passada terça-feira, que circulava entre Fuzeta e Olhão.

Tudo indica que o objecto, usado na infra-estrutura de via, foi colocado em cima da linha de propósito, excluindo-se que ali estivesse acidentalmente. Caso se confirme que não havia nenhuma anomalia na via nem no material circulante, caberá às autoridades policiais investigar as causas do acidente.

O parafuso, usado na infra-estrutura da via, estava colocado à entrada de uma curva, num troço em que a velocidade máxima era de 90 km/h. A automotora era composta por duas carruagens, sendo uma a unidade motora e a outra o reboque. Era esta última (mais leve, por não ter motores instalados) que vinha na dianteira e que descarrilou, ficando o bogie (conjunto de quatro rodados) completamente fora dos carris.

O local do acidente fica afastado de zonas residenciais e não é de fácil acesso.

A linha não é vedada naquela zona, pelo que não existe impedimento à aproximação de pessoas e animais ao corredor ferroviário. Legalmente, o gestor da infra-estrutura só é obrigado a proteger a via quando as velocidades nela praticadas são superiores a 140 km/h, o que não é o caso de nenhum troço entre Faro e Vila Real. Mas a IP (Infra-estruturas de Portugal) pode fazer uma análise de risco à protecção do corredor e, mesmo quando a velocidade é inferior a 140 km/h, colocar vedações para mitigar a possibilidade de acidentes provocados por atravessamentos indevidos.

O descarrilamento não fez vítimas e os 30 passageiros da automotora viajaram noutra composição até Faro, tendo a CP iniciado um serviço de transbordo em autocarro entre Olhão e Tavira.

A via só ficou desimpedida na madrugada de quarta-feira, depois de um comboio-socorro ter partido da Estação de Campolide (Lisboa) para recolocar a automotora nos carris.

Em comunicado, o GPIAAF (Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários) diz que, “após ter reunido a informação necessária, decidiu não haver lugar à abertura de investigação no quadro das suas competências legais, por se ter constatado que o descarrilamento resultou directamente de intervenção externa ao sistema ferroviário, ficando o assunto entregue às autoridades judiciárias competentes”.

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