Sonae Sierra cada vez mais voltada para a gestão de fundos imobiliários donos de supermercados ou hospitais

Empresa do universo Sonae garante que os centros comerciais continuam a ser o negócio principal, mas as novas apostas passam actuamente pela gestão de activos com diferentes usos imobiliários.

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Centro Colombo, em Lisboa, vai ser ampliado e ganhar nova área de escritórios Nuno Ferreira Santos

A promoção e gestão de activos destinados a escritórios, habitação, supermercados, hotéis ou mesmo hospitais. Está tudo em aberto nas novas apostas da Sonae Sierra para a Europa, um mercado que está “maduro” no segmento de centros comerciais, e, por isso mesmo, onde “as oportunidades de crescimento são muito reduzidas” neste segmento. Na apresentação da nova estratégia da empresa, Fernando Guedes de Oliveira, líder do ramo de negócios imobiliário do grupo Sonae (companhia proprietária do PÚBLICO), deixou a garantia de que a empresa não está a sair do negócio de centros comerciais, que constituiu a sua génese, mas “as novas avenidas de crescimento são outras”.

E apenas para aguçar o apetite, referiu que esta quinta-feira será anunciada uma parceria com a Nos, naquele que será o primeiro projecto de cidades inteligentes, deixando a restante informação para amanhã.

A nova estratégia da Sonae Sierra, aprovada no final de 2020 pelos accionistas – a Sonae SGPS (80%) e o Grosvenor Group (20%) – assenta em novos negócios, com destaque para a gestão de fundos de investimento que investem em activos imobiliários diversificados. Este foi mesmo o primeiro pilar, em quatro, apresentado num encontro com jornalistas, realizado no Porto.

A empresa, que diz ter oito mil milhões de euros de activos sob gestão, quer acrescentar a este universo mais dois mil milhões, até 2025. A maioria dos activos são na área comercial, mas a aposta na diversificação quer passar dos actuais mil milhões fora desta área para três mil milhões de euros nos próximos quatro anos.

O primeiro pilar do “novo ciclo da empresa” passa precisamente pela expansão do negócio de gestão de fundos de investimento, numa altura em que, como reconhece Fernando Guedes de Oliveira, “há muito dinheiro no mercado e num contexto de baixas taxas de juro”, tornam este segmento mais atractivo e de menor risco. E, neste campo, a Sonae Sierra já gere perto de uma dezena de fundos de investimento, o último dos quais, com uma dotação de 200 milhões de euros, destinado a investir em activos de retalho alimentar no mercado alemão, onde, recentemente, adquiriu cinco supermercados.​

“Não se admirem se amanhã lançarmos um fundo de hotéis ou um fundo de hospitais ou de outra coisa qualquer”, disse o presidente da Sonae Sierra na apresentação, garantindo que esta viragem não foi determinada pelo surgimento da pandemia de covid-19.

O segundo pilar passa pelo desenvolvimento de espaços urbanos sustentáveis que integram diferentes usos imobiliários, uma estratégia para o mercado europeu. Aqui, não entram projectos de novos de centros comerciais, mas de habitação e escritórios, como o projecto em curso na Avenida da Liberdade, em Lisboa, ou a criação de uma nova torre de escritórios no Centro Colombo, na mesma cidade, num investimento de 100 milhões de euros, ou ainda um projecto residencial em Bucareste, na Roménia, num investimento de 22 milhões de euros.

Na hierarquização das prioridades, surge ainda o reforçar da oferta de serviços imobiliários para os novos conceitos de vida urbana, onde entra a Reify, especializada na gestão de activos imobiliários, nomeadamente centros comerciais do seu universo ou de terceiros, o onde ganham destaque a extensão a novos formatos, como mercados alimentares urbanos, como a remodelação e gestão do mercado Bom Sucesso no Porto, ou o mercado municipal de Braga, ou ainda a compra da concessão de um mercado em Itália.

Por último, os esforços da gestão da empresa, que conta com novos membros, incluindo três mulheres, surgem os centros comerciais e “a sua preparação para o futuro”. Aqui, entram não só novos projectos de remodelação e expansão de vários centros comercias em Portugal e noutros mercados europeus, como será a ampliação do Colombo em Lisboa a partir do próximo ano ou do Plaza Mayor, em Espanha,​ mas também a aposta de novas experiências de compra integrada online/offline, serviços de mobilidade e planeamento de visita, e aumento da oferta, nomeadamente de entretenimento e cultura.

Fora do continente europeu, a Sonae Sierra diz que a estratégia não sofre alterações, mantendo-se as apostas no Brasil, onde em 2020 realizou uma fusão com o grupo Aliansce, mas também em Marrocos ou na Colômbia.

A Sonae Sierra, é co-proprietária, com participações inferiores a 50%, de 25 centros comerciais, na Europa e na América do Sul, detendo a propriedade integral de apenas dois, um na Roménia e outro em Itália. Nos novos investimentos, a filosofia de partilha de risco, ou a co-propriedade dos activos, é para manter, garantiu Fernando Guedes de Oliveira.

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