Rio envia carta aos militantes a pedir adiamento das directas. Apoiante de Rangel fala em “desorientação”

Em carta enviada aos militantes, a comissão permanente nacional social-democrata pede uma “reflexão” com com vista ao adiamento das eleições directas. Pedro Rodrigues responde e aponta o dedo a “desorientação colectiva” da direcção e do presidente do PSD.

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Líder do PSD quer que os militantes avaliem o adiamento das directas de 4 de Dezembro LUSA/ESTELA SILVA

Prossegue a contenda entre a actual direcção do PSD e os apoiantes de Paulo Rangel. Esta segunda-feira, a permanente nacional social-democrata, órgão que represente o núcleo mais restrito da direcção de Rui Rio, enviou uma nota escrita aos militantes em que argumenta pela inoportunidade de realização de directas para a presidência do partido em plena crise política nacional.

Para a direcção de Rio, avançar com directas a 4 de Dezembro como previsto é contrário aos “objectivos que o PSD deve prosseguir” e seria “totalmente desajustado”.

“Na qualidade de primeiros responsáveis pela condução política do partido, sentimos a obrigação de lhe enviar esta reflexão para que possa pensar sobre este importantíssimo momento que o país e o PSD estão a viver”, pode ainda ler-se na nota a que o PÚBLICO teve acesso.

Nem todos os militantes gostaram do que leram, em particular os apoiantes de Paulo Rangel, candidato assumido à presidência social-democrata. O deputado e ex-líder da JSD, Pedro Rodrigues, recorreu ao Facebook para criticar a “desorientação colectiva” da direcção e do presidente Rui Rio e dizer que a missiva enviada esta segunda-feira aos militantes contém “uma narrativa pouco comprometida com a verdade” e configura “o profundo desrespeito demonstrado por quem pensa de forma diferente”.

O deputado social-democrata critica ainda “os ataques e pressões absolutamente inaceitáveis feitos ao Presidente da República” e que representam “um trajecto que o PSD tem rapidamente de inverter”.

“A obsessão que a direcção do Partido revela em suspender as eleições internas por si marcadas, significam, por um lado, um manifesto receio em enfrentar a opinião dos militantes e, por outro, significaria a perda da oportunidade de o partido desenvolver uma saudável discussão interna que permita assegurar a unidade do partido e o fortalecimento de uma alternativa galvanizadora para Portugal”, acrescenta este apoiante de Rangel, alertando que a actuação de Rio pode “conduzir a um processo similar ao que, infelizmente, se está a viver no CDS”.

Este domingo, o presidente da mesa do conselho nacional do PSD, Paulo Mota Pinto, convocou, para o próximo sábado dia 6 de Novembro, uma reunião extraordinária deste órgão. Esta convocatória visa responder a dois requerimentos de convocação de um conselho nacional extraordinário. Um foi apresentado por dirigentes distritais e conselheiros nacionais que apoiam Paulo Rangel e tem como objectivo antecipar o congresso do partido para 17, 18 e 19 de Dezembro. O outro, da direcção do partido, pretende analisar a “situação política decorrente da reprovação do Orçamento do Estado”.

Na sexta-feira, em entrevista à SIC, Rui Rio disse não querer “propor adiamento nenhum” das directas, apenas solicitar uma reflexão do partido sobre se na circunstância política actual “vale a pena irmos para uma disputa interna”. Rio defende que o PSD deve concentrar-se nas legislativas antecipadas que serão agendadas por Marcelo Rebelo de Sousa.

Todavia, logo no dia seguinte o eurodeputado Paulo Rangel pôs de parte a “ponderação” solicitada pelo líder do partido, frisando que as “eleições [internas] vão ser no dia 4 de Dezembro”.

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