A resposta da Suécia à pandemia foi demasiado lenta e insuficiente, revela comissão

“As medidas iniciais para a prevenção e controlo da doença foram insuficientes para parar ou limitar significativamente a disseminação do vírus no país”, refere o relatório da comissão nomeada pelo Governo sueco.

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Numa paragem de autocarro em Estocolmo, em Junho do ano passado, lê-se um aviso para a população respeitar o distanciamento social TT NEWS AGENCY/Reuters

A estratégia da Suécia para conter a disseminação do SARS-CoV-2 foi demasiado lenta e insuficiente, revelou esta sexta-feira uma comissão nomeada pelo Governo para investigar a resposta à pandemia no país nórdico.

Num relatório preliminar, a comissão indicou que as medidas de contenção do vírus foram introduzidas demasiado tarde em relação aos países nórdicos vizinhos e face à disseminação do vírus no país na Primavera de 2020. No relatório final a comissão deverá debruçar-se sobre a estratégia sueca de não impor confinamentos, referiu.

Segundo a comissão, uma das medidas que demorou “demasiado tempo” foi a construção de uma capacidade suficiente de testagem – inicialmente, apenas eram testados para a covid-19 grupos específicos, como os profissionais de saúde. 

“A estratégia da Suécia em relação à pandemia foi caracterizada pela lentidão da resposta”, concluiu a comissão. “As medidas iniciais para a prevenção e controlo da doença foram insuficientes para parar ou limitar significativamente a disseminação do vírus no país”, continuou.

O relatório nota ainda que o sistema de saúde sueco conseguiu lidar com as exigências da pandemia, em grande medida devido aos profissionais de saúde. Contudo, “essa adaptação foi feita à custa do stress extremo dos funcionários e do cancelamento ou adiamento de outros serviços de saúde”. A Suécia “irá viver com as consequências da pandemia durante um longo período”, continuou.

A estratégia da Suécia tem sido controversa a nível nacional e internacional. Os críticos têm acusado as medidas de serem imprudentes e cruéis. Por outro lado, a abordagem também foi elogiada por ser mais sustentável e benéfica para a economia, sendo também encarada como um modelo para conviver com o vírus quando se tornar endémico.

Inicialmente, a estratégia focou-se em contornar o confinamento e medidas como o uso de máscara, só depois começando gradualmente a aumentar as restrições e fazendo o país distanciar-se da resposta de muitos países europeus que decidiram implementar medidas mais restritivas no primeiro ano da pandemia.

As autoridades suecas dependeram em grande medida das recomendações de cariz voluntário para a população, como o distanciamento social e a lavagem das mãos, enquanto a maioria dos estabelecimentos e serviços permaneceram abertos. O Governo deixou grande parte da responsabilidade para combater o coronavírus encarregue à agência de saúde do país.

Quanto às mortes por covid-19, a Suécia registou mais de 15 mil, um valor várias vezes superior ao nível per capita dos vizinhos nórdicos que implementaram medidas mais restritas, mas ainda assim inferior a muitos países que confinaram, como o Reino Unido.

Em Junho, uma comissão parlamentar publicou uma revisão sobre a gestão da pandemia no país cujas descobertas apontam no mesmo sentido do relatório divulgado esta sexta-feira, concluindo que o Governo “falhou” e a que sua estratégia se mostrou “insuficiente” em vários aspectos.

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