Bienal Ibérica de Património Cultural, em Leiria, tem programação dedicada aos jovens

Festival decorre entre esta quinta-feira, 14, e domingo, 17. A programação inclui um concurso de fotografias no Instagram, um ciclo de concertos das Património Bands, envolvendo filarmónicas em itinerância pelo património e roteiros de BMX e skate.

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Jordan McQueen/Unsplash

A discussão e a experimentação de formas de cativar os jovens para o património é o objectivo da AR&PA — Bienal Ibérica de Património Cultural, que acontece em Leiria a partir desta quinta-feira, 14, e até domingo, 17.

A organização promete nesta edição “trazer os jovens ao palco e aos bastidores do património cultural”, procurando solução para o facto de Portugal ter “dos mais baixos índices europeus de consumo de património cultural por parte dos jovens com idade entre os 15 e os 24 anos”, segundo dados do Eurostat e da Comissão Europeia.

O problema, contudo, não se restringe aos jovens, sublinha Catarina Valença Gonçalves, da Spira, empresa organizadora da bienal. “É um bocadinho injusto pensar que apenas os jovens portugueses é que são um grupo desapegado do património cultural. Portugal tem das mais baixas taxas de consumo de património cultural pelos seus nacionais. Os jovens só estão a repetir o que a restante população faz”, explica a responsável à agência Lusa.

A excepção são as crianças dos primeiros ciclos de ensino, porque “as escolas impõem actividades” que envolvem o património. “A partir do momento em que ganham um bocadinho de autonomia e têm possibilidade de escolha, o património cultural não é uma escolha deles”, sublinha a historiadora de arte.

Para isso concorre, por um lado, a forma “bastante maçadora para a generalidade do cidadão” como é apresentado o património cultural; por outro, museus e monumentos funcionam em horários em que “não se percebe bem como as pessoas os conseguem ir visitar”.

Além disso, “são espaços não propriamente alegres ou convidativos”. “Ninguém de livre vontade se presta, havendo tantas outras matérias a concorrer, a este tipo de lazer — que de lazer também tem muito pouco”, defende Catarina Valença Gonçalves.

Procurando respostas para estas e outras questões, a bienal AR&PA foi pensada para que “todos se sintam bem-vindos e ninguém se sinta tonto ou menos inteligente por fazer determinada pergunta”. A intenção é proporcionar uma “experiência mais feliz”, aplicando “o que poderia ser a estratégica a nível nacional” para captar a atenção de camadas etárias mais baixas para o património cultural.

“Olhámos para o que os miúdos valorizam”, realça a organizadora, lembrando um concurso de fotografias no Instagram, o ciclo de concertos das Património Bands, envolvendo filarmónicas em itinerância pelo património, ou os roteiros de BMX e skate, “em que, além de fazerem manobras, os miúdos são avaliados num peddy-paper sobre património de Leiria”.

“O que falta na área do património cultural para podermos ter os miúdos connosco é estar interessados em falar a linguagem deles, em vez de dizer que são eles que têm de vir até nós”, afirma a historiadora de arte, admitindo que o tema “é um desafio enorme”.

O programa, presencial e online, contempla até um workshop com a directora de marketing da Música no Coração, produtora responsável pelos festivais Sudoeste e Super Rock Super Bock. “Queremos aprender com outras formas de cultura que há muito elegeram os jovens como target essencial”.

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