Antes de perder a visão, Nathalie voou com os gansos sobre os Alpes

Era um sonho já há muito idealizado. Aconteceu graças a Dominique Cruciani, piloto que leva as pessoas a sobrevoar os céus com gansos treinados a seu lado.

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Nathalie Maniglier sofre de um problema degenerativo que lhe afecta lentamente os olhos e sempre teve um sonho por concretizar antes de perder definitivamente a visão: ela queria saber o que seria ver através dos olhos de um pássaro. 

Foi graças a Dominique Cruciani que Maniglier conseguiu alcançar este desejo há muito definido. Cruciani é, hoje em dia, um piloto e começou a sua rota profissional a trabalhar na produção de um documentário sobre migração de aves. Mais tarde, percebeu que voar num ultraleve pelos Alpes franceses, junto de gansos, daria um bom negócio e foi isso mesmo que decidiu fazer. Maniglier foi uma das passageiras a bordo nos seus voos, acompanhados por gansos treinados. 

Quando voltou a assentar os pés na terra, Maniglier estava tão arrebatada com o cenário que acabara de presenciar que não conseguiu controlar as emoções. “Foi totalmente mágico, vê-los voar em formação junto de mim, estou muito emocionada com tudo isto”, disse à Reuters, depois do voo de 30 minutos. “Como já só vejo de um olho, devido à minha doença congénita, quero aproveitar ao máximo enquanto conseguir ver”, explicou, “mas acho que todos devem experienciar com os seus próprios olhos, pelo menos uma vez na vida, como é voar com pássaros”.

Porém, esta experiência, cujo custo pode chegar aos 450 euros por pessoa, só é possível com a dedicação de Cassandre Schneider — a responsável por treinar as aves. Depois de cuidar deles desde pequenos, os gansos olham para Schneider quase como uma mãe e seguem-na por todo o lado. Foi assim que Cassandre os treinou para segui-la, aos poucos, nos voos no ultraleve. Agora, já com três meses, as aves conseguem sobrevoar quase durante uma hora os céus dos Alpes. Porém, a cuidadora tem consciência de que assim que eles crescerem vão instintivamente prosseguir pelas rotas migratórias da espécie. “Será difícil, sem dúvida alguma, mas é pelo bem deles”, admite Schneider. 

Ainda em Abril deste ano, os Alpes franceses serviram de palco para o artista franco-suíço Saype, que pintou pela primeira vez na neve. Conhecido pelos seus frescos gigantes, Saype conseguiu gravar nas montanhas a imagem de uma menina sentada, apesar das temperaturas negativas.

Escolhidos por uns para fazer arte e por outros para concretizar sonhos de longa data, os Alpes são uma das melhores paisagens proporcionadas pela natureza, mas estão actualmente sob perigo. Segundo um trabalho de investigação que veio ao público em 2019, estima-se que metade do volume dos glaciares destes locais desapareça daqui a 30 anos, se as emissões de gases de efeito de estufa continuarem a subir. 

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