Precisamos de mais impacto!

Os recursos científicos nesta área de investigação têm sido aproveitados globalmente para avançar o conhecimento relacionado com a infeção ds covid-19 com um ritmo nunca antes testemunhado.

Diferentes artigos em revistas, como a Nature, da área de investigação médica têm destacado a forma como esta pandemia mostrou a importância da investigação para a preparação, resposta e resiliência a catástrofes como a infeção disseminada pela covid-19.  

Os recursos científicos nesta área de investigação têm sido aproveitados globalmente para avançar o conhecimento relacionado com a infeção ds covid-19 com um ritmo nunca antes testemunhado. O número de estudos aumenta diariamente, com um âmbito e magnitude impressionantes, através de uma colaboração global sem precedentes.

Relembre-se que, a 5 de janeiro de 2020, apenas algumas semanas após a notificação dos primeiros casos de infeção, foram anunciadas sequências do genoma, que identificou o patogénico como um novo vírus corona, SARS-CoV-2, fornecendo informação essencial para o desenvolvimento de tratamentos, vacinas e diagnósticos.

Para além da pandemia

Um exercício interessante de desenvolver, seria compreender o impacto que poderíamos gerar noutras áreas da sociedade se tivéssemos um maior alinhamento para a relevância prática da investigação em áreas como a engenharia, a economia ou a sociologia. O que conseguiríamos alcançar se os tópicos que escolhêssemos para desenvolver fossem tão prementes como mitigar a infeção pela covid-19? E se a discussão em torno dos avanços científicos fosse tão aberta como a que assistimos não só em revista científicas, mas também nos media em geral? E se o tempo de publicação de novos resultados reduzisse em 50% como aconteceu com os artigos relacionados com a pandemia?

Motivado por dúvidas similares, em fevereiro de 2014, Nicholas Kristof, escreveu num artigo de opinião no New York Times que: “Alguns dos pensadores mais inteligentes em casa e em todo o mundo são professores universitários, mas a maioria deles simplesmente não importa nos grandes debates de hoje.”. E, ao rematar o artigo, exclamava: “Escrevo isto com tristeza, pois considerei uma carreira académica e admiro profundamente a sabedoria encontrada nos campi universitários. Por isso, professores, não se enclausurem como monges medievais - precisamos de vós!”.

Das condições iniciais ao resultado final

A pandemia evidenciou que as palavras escritas pelo Nicholas podem ser colocadas em prática. Na sociedade há “procura” por um maior impacto da investigação e da intervenção conduzida por Professores e Investigadores para ajudar a resolver os temas importantes que surgem na esfera pública e privada. Nas diferentes instituições relacionadas com a investigação há “oferta” de capacidade intelectual para ajudar a resolver esses desafios. O que falta então para que estas duas realidades se encontrem?

O passo mais natural é começar por aproximar a sociedade os investigadores em três etapas-chave do processo científico. Primeiro, são necessários tópicos de investigação que sejam relevantes na prática. Segundo, ter a oportunidade de discutir as hipóteses e os resultados da investigação em curso. Por último, divulgar os resultados em artigos científicos e meios mais acessíveis ao público, como este jornal.

Para além desta aproximação, há também iniciativas a levar a cabo juntos dos dois intervenientes desta equação. Por parte da academia, é fundamental garantir que para a progressão na carreira seja valorizado o impacto real do trabalho desenvolvido pelos professores e Investigadores. Por parte da sociedade em geral, é fundamental reconhecer o papel da ciência em resolver os desafios atuais e colaborar de forma mais quotidiana com a academia.

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