Peritos em Hong Kong recomendam uma só dose de Pfizer entre os 12 e os 17 anos

Especialistas justificam que para os adolescentes uma dose apenas será o suficiente para minimizar riscos de problemas cardíacos, sobretudo num território considerado de baixo risco como Hong Kong

Foto
Hong Kong registou até agora cerca de 12.100 casos de covid-19 e 213 mortes EPA/JEROME FAVRE

Um painel de peritos de saúde que aconselham o governo de Hong Kong recomendou que os adolescentes com idades entre os 12 e os 17 anos recebam apenas uma dose da vacina covid-19 da Pfizer/BioNTech, justificando que esta posição se deve aos relatos de problemas cardíacos como um efeito secundário da imunização. Lau Yu-lung, que preside o comité de saúde que aconselha o governo no seu programa de vacinação, disse à emissora pública RTHK que o efeito secundário é mais predominante do que se pensava inicialmente.

Os especialistas em Hong Kong concluíram que era melhor para os adolescentes obter apenas uma dose para “reduzir grandemente a hipótese de inflamação cardíaca”. O baixo risco de covid-19 de Hong Kong, que tem controlado em grande parte o coronavírus sem casos transmitidos localmente em muitas semanas, também significa que uma dose deve oferecer protecção suficiente.

Os dados governamentais mostram que houve 41 casos envolvendo inflamação cardíaca comunicados por pessoas que tomaram a vacina BioNTech no final de Agosto, ou apenas 0,0009%. Entre estes casos, 16 envolviam adolescentes com idades entre os 12-15 ou 0,008% das pessoas vacinadas nesse grupo etário. Os sintomas foram resolvidos após o tratamento.

Hong Kong tem vindo a utilizar duas vacinas contra covid-19, nomeadamente as vacinas Sinovac e BioNTech. Mas as pessoas com idades entre os 12 e os 17 anos só são elegíveis para a vacina Pfizer/BioNTech.

Hong Kong administrou 448.800 doses para este grupo etário e cerca de 65%, ou 290.000 adolescentes, tiveram pelo menos uma dose de vacina.

Os reguladores nos Estados Unidos, a União Europeia e a Organização Mundial de Saúde afirmaram que as vacinas mRNA da BioNTech/Pfizer e da Moderna estão associadas a casos raros de miocardite ou pericardite, mas que os benefícios das vacinas superam os riscos.

A miocardite é uma inflamação do músculo cardíaco que pode limitar a capacidade do órgão de bombear sangue e pode causar alterações nos ritmos de batimentos cardíacos. A pericardite é uma inflamação do revestimento em torno do coração.

A Pfizer já reconheceu que poderia haver relatos raros de miocardite após as vacinas, mas que tais efeitos secundários eram extremamente raros. A BioNTech e o seu agente de vendas chinês, Shanghai Fosun Pharmaceutical Group, não responderam imediatamente aos pedidos de um comentário.

O risco de miocardite era de 18,5 por milhão de doses dadas entre pessoas com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos após uma segunda dose de Pfizer, e de 20,2 por milhão no mesmo esse grupo etário para que recebeu uma segunda dose de Moderna. O risco diminui com a idade, de acordo com os dados dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA.

O governo britânico disse na segunda-feira que a Inglaterra começaria a vacinar os adolescentes entre os 12 e os 15 anos na próxima semana, utilizando a vacina Pfizer/BioNTech. No entanto, foi anunciado também que a segunda dose não seria oferecida a este grupo etário até pelo menos à Primavera, uma vez que os seus principais conselheiros médicos aguardam por mais dados de todo o mundo.

A Noruega disse no início deste mês que também começaria a oferecer uma única dose da vacina Pfizer/BioNTech ás crianças entre os 12 e os 15 anos de idade e que a decisão sobre as segundas doses também só viria mais tarde.

Cerca de 65% dos residentes de Hong Kong já tomaram a sua primeira dose de vacina, mas a adesão por pessoas mais velhas continua a ser baixa devido a preocupações sobre os efeitos secundários. Hong Kong registou até agora cerca de 12.100 casos de covid-19 e 213 mortes.

Sugerir correcção
Comentar