“Tens sorte em não te cortarmos a cabeça”: jornalistas que cobriam protestos torturados no Afeganistão

Profissionais cobriram manifestação de defesa dos direitos das mulheres. Taliban prenderam 14 jornalistas em apenas dois dias.

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Jornalistas mostram lesões sofridas às mãos de taliban Social Media
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Nemat Naqdi (à esquerda) e Taqi Daryabi (à direita) Social Media
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Taqi Daryabi também foi agredido na face Social Media
Jornal EtilaatRoz
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Cabul
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Jornalistas foram detidos após cobrirem manifestação em Cabul Agência de notícias WANA
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Desde que os taliban subiram ao poder no Afeganistão, os jornalistas têm sido um dos grupos sujeitos a violência e represálias. De acordo com a informação recolhida pelo Comité de Protecção de Jornalistas (CPJ), organização internacional sem fins lucrativos de defesa à liberdade de imprensa, foram detidos em apenas 48 horas 14 jornalistas que cobriram os protestos contra os taliban em Cabul. Seis destes profissionais foram submetidos a violência física durante o período de detenção, com imagens publicadas nas redes sociais a mostrarem a dimensão das agressões sofridas por dois repórteres que estiveram sob controlo dos taliban.

As contusões roxas nas costas, pernas e face dos jornalistas Nemat Naqdi, de 28 anos, e de Taqi Daryabi, 22 anos, mostram claramente a brutalidade do tratamento recebido às mãos dos taliban. Os dois repórteres foram torturados como punição pela cobertura de manifestações pela defesa dos direitos das mulheres.

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Marcas deixadas no corpo de um dos jornalistas

“Os taliban estão a provar muito rapidamente que as promessas de que a comunicação social afegã independente poderia continuar a trabalhar livremente e em segurança não valem nada”, aponta Steven Butler, coordenador na divisão asiática da CPJ, num depoimento publicado no site da organização internacional. “Pedimos aos taliban que honrem essas promessas, que parem de bater e de prender repórteres a fazerem o seu trabalho, e permita à comunicação social que trabalhe livremente sem medo de represálias”, prosseguiu o responsável.

De acordo com o relato feito pelo fotojornalista Nematullah Naqdi – e recolhido pelo The Guardian –, os dois profissionais foram levados a uma estação de polícia em Cabul, após serem repreendidos por um dos guerrilheiros que percebeu que os jornalistas estavam a captar fotografias do protesto. Depois de entrarem na esquadra foram agredidos com murros, bastões, electrocutados e chicoteados. Seriam depois acusados pelos taliban de serem os organizadores da manifestação que cobriram.

“Um dos taliban pôs o pé na minha cabeça, esmagou a minha cara contra o cimento. Pontapearam-me na cabeça, pensei que me iam matar”, relembra Nematullah. Perguntou aos agressores porque estava a receber aquele tratamento violento. “Tens sorte em não te cortarmos a cabeça”, terá recebido de resposta.

Depois de terem ocupado o Palácio Presidencial, os líderes taliban prometeram que o regime seria moderado, de modo a evitar a criação de “inimigos internos e externos”. Os direitos da mulher seriam também respeitados, afirmaria o principal porta-voz do grupo, Zabihullah Mujahid, dizendo contudo que o papel “activo” que as mulheres integram na sociedade afegã seria inserido “dentro do quadro do Islão”.

A ideia de pacificação, contudo, parece ter ficado apenas no papel, de acordo com os relatos que chegam do país. Poucos dias após a tomada de Cabul, um relatório de um grupo independente norueguês denunciava detenções de ex-funcionários do antigo Governo e de afegãos que colaboraram com as forças militares dos Estados Unidos.

Também foram tornados públicos casos de violência contra afegãs que participaram em marchas de defesa dos direitos das mulheres. A comunidade LGBT foi outro dos alvos dos taliban nas últimas semanas, com relatos de violência contra pessoas homossexuais no país, alguns dos quais resultaram na morte das vítimas. 

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