Mota-Engil regressa aos lucros e volta a ter Portugal como principal mercado na engenharia

No semestre em que finalizou o acordo de parceria que vai colocar a quarta maior construtora do mundo, a CCCC, como accionista de referência da empresa, a Mota-Engil apresenta uma carteira de encomenda recorde de 7,4 mil milhões

Foto
fvl Fernando Veludo/NFACTOS

O grupo Mota-Engil diz ter focado todos os seus esforços “no desenvolvimento de operações com maior rentabilidade e geração de caixa”, e os resultados estão à vista na apresentação de resultados relativo ao primeiro semestre deste ano: um resultado líquido positivo de oito milhões de euros, que compara com os cinco milhões negativos registados em Junho de 2020.

Para além da notícia de ter regressado aos lucros, o grupo construtor nortenho sinaliza o facto de também o Portugal ter regressado ao lugar de principal mercado no segmento de Engenharia e Construção do grupo, um lugar que há muitos anos havia sido perdido, primeiro para Angola e depois para o México.

O primeiro semestre de 2021, altura em que o mundo começa a assistir a uma retoma gradual, embora a ritmos diferentes, é também aquele que assinala o que a Mota-Engil considera “um marco na história do grupo”, referindo-se à conclusão do Acordo Estratégico de Parceria e de Investimento com a China Communications Construction Company (CCCC), a quarta maior construtora do mundo.

A empresa estatal chinesa tornou-se accionista de referência do grupo Mota-Engil e está já, em conjunto com o accionista fundador, a família Mota, a preparar um novo ciclo de desenvolvimento. Até ao final deste ano, deverá ser anunciado um Novo Plano Estratégico que apresentará as directrizes e objectivos estratégicos e financeiros no horizonte temporal até 2026.

No primeiro semestre deste ano a rentabilidade do grupo Mota-Engil aumentou em todas as regiões do globo em que marca presença, tendo os resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) crescido 25%, para os 181 milhões de euros. O crescimento do cash-flow operacional cresceu 31%, para 165 milhões.

Outro momento histórico para a empresa são os níveis recordes que regista na sua carteira de encomendas, que atinge o valor de 7,4 mil milhões de euros. De acordo com o comunicado da empresa, nesta capacidade de reforço da carteira de encomendas para níveis superiores a três anos de facturação, merece destaque a assinatura do maior contrato da história da Mota-Engil, e que se deverá concretizar na Nigéria – trata-se do projecto ferroviário entre as cidades de Kano e Maradi, orçado em 1,5 mil milhões de euros e que se deve iniciar entre o final do ano e início de 2022.

Na carteira recordista de encomendas ainda não está integrado o contrato de mineração em Moçambique assinado em Agosto, com obras a executar para a Vale no valor de 427 milhões de dólares.

Na Europa, merece destaque o crescimento significativo da rentabilidade (aumento de 49% no EBITDA), motivado “pela melhoria das margens no negócio de construção em Portugal e Polónia” assim como pelo reconhecimento por parte do regulador do ajustamento de tarifas no segmento de tratamento de resíduos que melhorou a margem do negócio de ambiente, permitindo passar a margem EBITDA de 10% para 16%.

O volume de negócios em Portugal cresceu 8% no primeiro semestre de 2021.

Em África, o grupo Mota-Engil alcançou um crescimento de 9% no EBITDA com melhoria da margem para 23% apesar da redução do volume de negócios na região, “impactada pelo decréscimo significativo em Angola e pela manutenção de alguns constrangimentos relacionados com a pandemia no período”.  

Na América Latina, o grupo alcançou um crescimento de 10% no volume de negócios e de 42% no EBITDA com a manutenção das margens histórica de 11%, facto que se deve à forte recuperação do mercado mexicano (crescimento do volume de negócios de 57%), que compensou o decréscimo da actividade que ainda se mantém noutros mercados como o Peru e Brasil, impactados de forma mais significativa pela pandemia.

Sugerir correcção
Comentar