Mota-Engil passa de lucro a prejuízo de 20 milhões em 2020

Só a Europa escapou ao impacto negativo da pandemia. Nível de encomendas atingiu, porém, valores recorde.

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Manuel Roberto

A Mota Engil fechou 2020 com prejuízos de 20 milhões de euros, um resultado que compara com lucros de 27 milhões no ano anterior. O volume de negócios registou uma quebra de 17%, para 2429 milhões de euros, de acordo com as contas divulgadas nesta quarta-feira.

Segundo o comunicado publicado na Comissão de Mercados e Valores Mobiliários (CMVM), dos 20 milhões contabilizados como resultado líquido negativo, 10 milhões estão relacionados com uma provisão extraordinária.

A pandemia teve um impacto negativo no EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que se ficou pelos 380 milhões de euros, uma quebra de 9% relativamente a 2019 (417 milhões).

Também o investimento foi reduzido (-65 milhões) para 197 milhões de euros.

A carteira de encomendas, pelo contrário, atingiu um valor recorde, graças a um crescimento superior no mercado da América latina, ainda que África continue a representar a maior fatia das encomendas. No total, são 6052 milhões de euros, “com maior relevância de contratos de longo prazo (Mineração, Oil & Gas e Energia)”.

A carteira de Engenharia e Construção representa 89% das encomendas. Nestas contas ainda não entram encomendas recentes, como o desenho e construção de uma linha férrea na República da Nigéria e na República do Níger (Kano-Maradi), num valor de 1820 milhões de dólares, bem como a obra de 150 milhões na Polónia – S19 Lubartów Północ Lublin Rudnik (num montante total de 300 milhões de euros na Europa no primeiro trimestre de 2021).

Em termos de facturação, o grupo viu as receita aumentarem na Europa (8% em termos homólogos). O mercado europeu tornou-se a maior fonte de receita da construtora em 2020, com 1046 milhões de euros. A Polónia foi quem suportou este crescimento, mas Portugal também constituiu “boas oportunidades”, com os concursos públicos a subirem 20%.

Já em África, que passou para o segundo lugar, o volume de negócios caiu 24%, para 761 milhões, devido aos “constrangimentos da pandemia, principalmente em Angola e Moçambique”.

Em percentagem, a maior quebra pertence no entanto à América latina, que recuou 37%, para 595 milhões. 

Os projectos mais caros em curso estão no México, Gana, Moçambique, Ruanda e Angola. São ferrovias, auto-estradas, um aeroporto, a requalificação de uma base naval e uma mina, com conclusão prevista entre 2022 e 2025, segundo as contas hoje divulgadas.

“A América latina foi a região mais afectada pela covid-19 (principalmente Peru, México e Brasil) devido a medidas exigentes de confinamento e paragens”, justifica o grupo.

A expectativa é que 2021 seja “um ano de execução”, mas com as vendas a reaproximarem-se dos níveis pré-pandemia. Esse também será o ano de um aumento de capital, após a entrada dos chineses da CCCC.

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