Grande afluência no primeiro dia de vacinação dos jovens dos 12 aos 15 anos. “Estão a dar-nos uma lição de civismo”

No final de Setembro, a vacinação pode prosseguir nos centros de saúde, diz Gouveia e Melo, que quer “passar o testemunho” nessa altura, após a administração “dos menos de dois milhões de doses que faltam”.

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Paulo Pimenta

O dia em que arrancou a vacinação contra a covid-19 dos jovens entre os 12 e os 15 não podia ter sido melhor para o coordenador da task force responsável pela operação. Em vários centros de vacinação do país a afluência superou as expectativas e, depois de no fim-de-semana passado ter sido recebido com insultos em Odivelas, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo foi acolhido este sábado com aplausos no centro de vacinação de Alcabideche (Cascais), onde a fila dos jovens e dos pais que os acompanhavam chegou a dar a volta ao complexo desportivo. “Hoje é um bom dia. Os jovens estão a dar-nos uma lição de civismo”, declarou o vice-almirante.

Ao final da manhã, contabilizava o coordenador com um sorriso rasgado captado pelas câmaras de televisão, até às 11h45 já tinham sido vacinadas cerca de 45 mil pessoas em todo o país, “90%” das quais adolescentes nestas idades. Este foi o primeiro de dois fins-de-semana reservados para os adolescentes mais novos e esperavam-se 110 mil nos vários centros de vacinação do país.

O balanço foi evoluindo à medida que as horas passavam e, quando se aproximava a hora de encerramento dos centros, Gouveia e Melo estimava já que o dia iria terminar com a administração de mais de 120 mil doses, a maioria jovens entre os 12 e os 15 anos - também foram dadas algumas, poucas, segundas doses a adultos e vacinados igualmente adolescentes de 16 e 17 anos.

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À noite, o último balanço, ainda provisório, apontava para mais de 127 mil pessoas vacinadas, acima de 115 mil só entre os 12 e os 15 anos. “Apenas teremos valores exactos na segunda-feira”, admitiu o vice-almirante ao PÚBLICO, frisando que o ritmo de inoculações vai diminuir este domingo, “até porque o domingo é habitualmente o dia mais calmo” da campanha de vacinação.

Em Matosinhos (Porto), onde estava prevista a administração de 3500 doses, a afluência também foi muito elevada logo ao início da manhã - antes do almoço já tinham sido dadas 1300 vacinas e a enfermeira que coordena o centro sublinhava à Sic que a adesão estava a ser muito superior à esperada.

O cenário repetiu-se em vários centros de vacinação, apesar de outros terem tido menos procura do que o habitual ou um ritmo de entradas normal, como aconteceu no  pavilhão 1 da Cidade Universitária em Lisboa, que este domingo vai estar encerrado, sendo as pessoas para aí agendadas encaminhadas para o centro da Comunidade Hindu, como explicou o responsável  do centro à RTP.

“Não estava muito confiante, mas depois dei uma volta por vários centros e estavam cheios”, enfatizou o coordenador, calculando que o dia deveria terminar com muitos “a funcionar a 120% da sua capacidade”, após uma semana de afluência muito inferior ao habitual, devido “ao período de férias”.

O receio era compreensível, uma vez que o primeiro período de auto-agendamento para os adolescentes entre os 12 e os 15 anos ficou aquém das expectativas – responderam menos de 160 mil dos 410 mil jovens nestas idades. Para contornar o problema, fizeram-se “agendamentos forçados”, enviando SMS a convocá-los, referiu Gouveia e Melo. Foi também aberto um novo período de auto-agendamento, que terminou este sábado.

Mas este grupo não é o único a ser vacinado no fim-de-semana, uma vez que está a funcionar em simultâneo a “casa aberta”para aqueles que não fizeram marcação prévia mas podem dirigir-se aos centros de vacinação, ainda que em horários específicos, bastando que obtenham uma senha digital no portal do Ministério da Saúde.

Quando 85% da população tiver a vacinação completa – na penúltima ou última semana de Setembro, pelas contas da task force –, a campanha pode prosseguir nos centros de saúde, defende o vice-almirante, que está convencido de que será possível “passar o testemunho” nessa altura, após a administração “dos menos de dois milhões de doses que faltam”.

Gouveia e Melo acredita também que se conseguirá vacinar quase 87% da população do país e 95 a 96% da população elegível (excluindo as crianças com menos de 12 anos) até ao final de Setembro, depois de ter sido possível chegar à primeira meta (70% dos portugueses com a vacinação completa) duas semanas antes do previsto.

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