Escravidão é o livro do Encontro de Leituras de 10 de Agosto

O escritor brasileiro Laurentino Gomes é o próximo convidado do clube de leitura do PÚBLICO e da Folha de S. Paulo onde estará em discussão o primeiro volume da trilogia em que o jornalista está a trabalhar e que tem por tema uma história da escravidão no Brasil e tudo o que se relaciona com ela.

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Laurentino Gomes NFS - Nuno Ferreira Santos

Quando no último Encontro de Leituras, que aconteceu no início deste mês, anunciámos que o livro escolhido para a sessão do clube de leitura do PÚBLICO e do jornal brasileiro Folha de São Paulo que se vai realizar a 10 de Agosto (22h em Lisboa, 18h em Brasília), seria o primeiro volume de Escravidão, que tem como subtítulo Do primeiro leilão de cativos em Portugal até à morte de Zumbi dos Palmares, livro de não-ficção do escritor e jornalista brasileiro Laurentino Gomes, a nossa convidada de Julho, a escritora e actriz Fernanda Torres, ficou surpreendida com a coincidência de ser esse o livro que ela estava a ler. Na semana passada, na sua crónica quinzenal na Folha de S. Paulo, escrevia que estava” a devorar” o livro e que ele deveria constar do currículo escolar.

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Quando no último Encontro de Leituras, que aconteceu no início deste mês, anunciámos que o livro escolhido para a sessão do clube de leitura do PÚBLICO e do jornal brasileiro Folha de São Paulo que se vai realizar a 10 de Agosto (22h em Lisboa, 18h em Brasília), seria o primeiro volume de Escravidão, que tem como subtítulo Do primeiro leilão de cativos em Portugal até à morte de Zumbi dos Palmares, livro de não-ficção do escritor e jornalista brasileiro Laurentino Gomes, a nossa convidada de Julho, a escritora e actriz Fernanda Torres, ficou surpreendida com a coincidência de ser esse o livro que ela estava a ler. Na semana passada, na sua crónica quinzenal na Folha de S. Paulo, escrevia que estava” a devorar” o livro e que ele deveria constar do currículo escolar.

Se isso acontecer, Laurentino Gomes, que será o nosso convidado a 10 de Agosto e responderá às questões dos leitores na sessão Zoom, com a ID 912 9667 0245 e a senha de acesso 547272, sentir-se-á “absolutamente recompensado”. Já que na introdução deste primeiro volume de Escravidão, afirma querer despertar o interesse por este tema num público mais amplo, incluindo jovens e estudantes. A moderação do Encontro de Leituras, como é habitual, cabe às jornalistas Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e Úrsula Passos, editora-assistente de Cultura do jornal paulista.

Escravidão - volume I foi recentemente editado em Portugal pela Porto Editora. No Brasil é publicado pela Globo Livros, que neste ano já editou o segundo volume da trilogia, que tem como subtítulo Da corrida do ouro em Minas Gerais até à chegada da corte de Dom João ao Brasil. O primeiro volume “tem o seu foco principal em África — pela óbvia razão de que, ao escrever sobre escravidão no Brasil, é preciso começar por esse continente”, explica o autor na introdução deste seu livro. “Cobre um período de, aproximadamente, 250 anos, entre o início das incursões e capturas de escravos pelos portugueses na costa de África, em meados do século XV, até o final do século XVII. Traz também alguns trechos sobre a escravidão em outros períodos da história da humanidade, como na Grécia Antiga, no Egito dos faraós, no Império Romano, nos domínios do islão e na própria África antes da chegada dos portugueses”.

O vencedor de seis Prémios Jabuti de Literatura e autor dos livros bestsellers  1808, sobre a fuga da família real portuguesa para o Rio de Janeiro; 1822, sobre a Independência do Brasil; e 1889, sobre a Proclamação da República passou seis anos a investigar para este livro e fez pesquisa em doze países de três continentes — África, América e Europa. Laurentino Gomes costuma afirmar que escreve livros de reportagem sobre a história do Brasil. Trabalha sozinho e para este primeiro volume leu cerca de 200 livros. As suas fontes são “as referendadas pela Academia”, como explicou no programa de televisão Roda Viva, em 2019, entre eles Gilberto Freyre, Manolo Florentino, João José Reis, Luiz Felipe de Alencastro.

“Eu não posso reinventar a história da escravidão, tenho de ser fiel às fontes de quem pesquisou sobre o assunto. Eu faço uma narrativa secundária”, explicou. Faz aquilo que ele diz ser “uma reconstrução de linguagem”, tornando acessível a leigos o trabalho académico de outros através do uso de uma linguagem jornalística. Claro que conta com a ajuda de pessoas que lhe dão segurança de que não está a escrever coisas que não têm correlação com as fontes historiográficas. Contou, por exemplo, com o apoio do embaixador e historiador Alberto da Costa e Silva, “o maior especialista brasileiro na história de África”, autor da frase: “Hoje, todos somos descendentes de escravos ou de senhores e mercadores de escravos”, que fez a revisão e as notas deste livro. Também a embaixadora e “outra reconhecida africanista contemporânea brasileira” Irene Vida Gala colaborou com o escritor e repórter.

Embora a escravidão seja “um fenómeno tão antigo quanto a própria história da humanidade”, como escreve Laurentino Gomes, “nada foi tão volumoso, organizado, sistemático e prolongado quanto o tráfico negreiro para o Novo Mundo: durou três séculos e meio, promoveu a emigração forçada de milhões de seres humanos, envolveu dois oceanos (Atlântico e Índico), quatro continentes (Europa, África, América e Ásia) e quase todos os países da Europa e reinos africanos, além de árabes e indianos que nele participaram indirectamente.” O Brasil recebeu, refere Laurentino Gomes, “quase 5 milhões de africanos cativos, 40% do total de 12,5 milhões embarcados para a América”.