Quo vadis, escritório?

A utilização de analytics permite às organizações encontrar a velocidade e detalhe necessário para a boa execução das ideias criativas.

Todos nós já sentimos aquela estranha sensação de constatar que uma ideia “brilhante” que tivemos sozinhos, se revelou pouco mais que interessante após a contarmos a um colega.

Este processo de criatividade destrutiva é essencial no caminho da inovação. Enquanto o primeiro passo, ser assomado da mais “brilhante ideia”, pode-se desenrolar num ambiente mais isolado, por exemplo, em casa, a segunda etapa carece de interação. Essa interação é, normalmente, espontânea e tenderá a acontecer mais frequentemente em espaços sociais como, por exemplo, num escritório.

Com o desenrolar da pandemia temos questionado qual deverá ser a forma de voltarmos para o escritório e, inclusive, se não deveremos adotar um modelo de teletrabalho em permanência. Para encontrar respostas a estas interrogações, é fundamental compreender o impacto destes diferentes modelos de trabalho em temas tão relevantes para o desenvolvimento das nossas organizações como a criatividade.

Para além da criatividade

A consultora McKinsey revelou no mês passado uma análise em que indicava que o denominador comum das organizações que estão a crescer a taxas mais elevadas nos últimos anos está alicerçado na criatividade. Todavia a criatividade é só um dos três pilares desse crescimento. Os restantes são o foco em analytics, i.e., tratamento de dados, e o propósito.

Estes três elementos, criatividade, analytics e propósito, atuam em conjunto para potenciar o mencionado crescimento. A utilização de analytics permite às organizações encontrar a velocidade e detalhe necessário para a boa execução das ideias criativas. O propósito dá coerência e transparência às iniciativas implementadas, permitindo que ideias avulsas formem uma mensagem coerente para os diferentes intervenientes.

Para o sucesso do processo criativo são importantes os encontros furtuitos que se proporcionam em espaços como o escritório. Para o sentido de propósito os encontros físicos são tão ou mais relevantes. A cultura nas organizações faz-se, em grande parte, pelos diálogos espontâneos e pelos gestos e ações que extravasam a comunicação mais utilitária. Esta componente não-verbal das relações é superior em encontros físicos.

A componente que aparenta ser menos sensível ao “toque humano” é a de analytics. O segredo das empresas que usam dados, tanto para o desenvolvimento de novos produtos e serviços como para a melhoria de processos existentes, reside na tradução fiel da realidade dos negócios para modelos analíticos que permitem expandir e acelerar o nosso conhecimento sobre um assunto. Assim, mesmo este elemento mais racional, analytics, beneficia da leitura e entendimento do contexto que é aprimorado no contacto pessoal.

The office is dead, long live the office

Não há dúvida que a pandemia permitiu quebrar muitos estereótipos relacionados com o teletrabalho. Alguns desses estereótipos não foram só anulados como inclusive contrariados. Por exemplo, o mais flagrante deles – a perda de produtividade – revelou-se verdadeiramente infundado.

A ocasião fomentada pelo desbloquear da mentalidade de evitar o teletrabalho não deverá conduzir-nos a outro espartilho que considera inútil a partilha física de espaços de trabalho. O modelo mais benéfico para a sociedade deverá conjugar com flexibilidade estas duas realidades, teletrabalho e escritório, e adaptar-se aos diferentes contextos das organizações.

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