Parlamento ouve esta quarta-feira o director-geral do Património Cultural exonerado pelo Governo

Bernardo Alabaça foi demitido pela ministra da Cultura há duas semanas. Joaquim Caetano, director do Museu Nacional de Arte Antiga, também vai ser ouvido.

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Bernardo Alabaça Rui Gaudencio

A audição parlamentar do ex-director-geral do Património Cultural Bernardo Alabaça, exonerado pela ministra da Cultura há duas semanas, realiza-se esta quarta-feira à tarde, na sequência de requerimentos apresentados pelo BE, pelo PSD e pelo CDS-PP.

O director do Museu Nacional de Arte Antiga, Joaquim Caetano, será também ouvido hoje, a pedido do BE, por causa da “situação de colapso no funcionamento” da instituição, segundo o requerimento apresentado pelo grupo parlamentar.

Bernardo Alabaça foi exonerado no passado dia 25 de Junho e, segundo fonte oficial do gabinete da ministra da Cultura, Graça Fonseca, a decisão tinha “efeitos imediatos”, porque a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) se encontrava “inoperacional”. O gabinete de Graça Fonseca indicou, na altura, à agência Lusa que, “tendo avaliado o desempenho do director-geral do Património Cultural nos últimos meses, [considerava agora] pertinente e necessária a sua imediata substituição”.

Bernardo Alabaça assumiu funções em Fevereiro de 2020. A sua saída verifica-se numa altura em que se encontra a decorrer o concurso para director-geral do Património Cultural na Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (CRESAP), que encerrou em 17 de Junho o prazo de candidatura.

Alabaça foi substituído interinamente pelo arquitecto João Carlos Santos, até agora sub-director da DGPC, que fica em funções “até terminar o concurso da CRESAP”, explicou na altura o Ministério da Cultura.

Contactado pela agência Lusa, Bernardo Alabaça considerou inaceitável a fundamentação apresentada para a exoneração: “Não é justa esta fundamentação, sobretudo para com as centenas de pessoas que todos os dias continuam a trabalhar na DGPC, ainda, por cima, nas circunstâncias adversas e no clima extraordinário da pandemia”. Bernardo Alabaça rejeitou ainda o diagnóstico da tutela, contrapondo que a DGPC “tem demonstrado operacionalidade, os museus e monumentos continuam abertos, e manteve-se a salvaguarda do património”.

A exoneração de Alabaça ocorreu ainda na semana em que o director do Museu Nacional de Arte Antiga, Joaquim Caetano – equiparado a sub-director-geral da DGPC –, traçou, em declarações à Lusa, um cenário de “ruptura” na instituição, com falta de vigilantes e falhas recorrentes nos sistemas eléctricos e de climatização.

As audições de Bernardo Alabaça e de Joaquim Oliveira Caetano foram aprovadas por unanimidade, na comissão parlamentar de Cultura.

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