Dois ex-chefes militares bolivianos detidos por suspeita de participação no alegado golpe contra Evo Morales

Com estas detenções, já são cinco os oficiais detidos no âmbito da investigação aos incidentes que levaram à saída do poder do ex-presidente em 2019.

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A então Presidente interina, Jeanine Áñez, cumprimentando chefias militares. Áñez está na prisão desde Março, acusada de sedição e terrorismo Reuters/LUISA GONZALEZ

O ex-comandante da Força Aérea da Bolívia, o general Jorge Gonzalo Terceros Lara, e o ex-comandante da Marinha, Gozanlo Jarjuri Rada, foram detidos por suspeita de estarem implicados do afastamento de Evo Morales do poder em Novembro de 2019.

A polícia confirmou as detenções em cumprimento da ordem do Ministério Público de La Paz. Ambos foram detidos em Santa Cruz e serão transladados para a sede da Força Especial da Luta Contra o Crime para que prestem declarações. Nenhum dos oficiais ofereceu resistência.

O ministro dos Assuntos Governamentais, Eduardo del Castillo, confirmou na noite de sábado as detenções. “No que diz respeito ao caso do golpe de Estado, soubemos que há dois ex-comandantes detidos e que estão a ser transladados para aqui, para o departamento de La Paz. Daremos a conhecer mais elementos ao povo boliviano nas próximas horas”, disse o ministro em conferência de imprensa.

Com estas detenções, já são cinco os militares de alta patente detidos no âmbito das investigações ao alegado golpe de Estado contra Evo Morales.

Também estão na prisão a ex-Presidente interina Jeanine Áñez e outros ex-detentores de cargos políticos. Áñez está presa desde 13 de Março, acusada de sedição, terrorismo e conspiração pelo seu papel na crise política de 2019, que provocou a saída de Morales do país, depois de ser acusado pela oposição e parte das Forças Armadas de fraude eleitoral – que não se provou.

Nas eleições posteriores, o candidato de Evo Morales, Luis Arce, impôs-se com clareza aos demais candidatos à presidência.

Polícia morto

Um polícia morreu e vários produtores de folha de coca ficaram feridos nos enfrentamentos entre agentes da polícia e agricultores opositores do Governo em Los Yungas, nos arredores de La Paz.

De acordo com o diário Página Siete, o cabo Miguel Ángel Quispe Nina fazia parte do contingente policial que foi enviado para desbloquear as estradas para Coripata, onde este sábado estava previsto um evento com a presença do Presidente, Luis Arce.

Facções rivais lutam pelo controlo da Associação Departamental de Produtores de Coca (Adepcoca), uma das quais teria atacado os polícias.

“Sectores afins à liderança do senhor Armin Lluta emboscaram a polícia boliviana, atacando com armas de fogo o polícia da UTOP (Unidade Táctica de Operações Policiais), Miguel Ángel Quispe Nina, que foi ferido a tiro e horas mais tarde perdeu a vida”, afirmou o ministro Eduardo del Castillo.

Depois dos incidentes, Del Castillo convocou as facções para uma reunião na segunda-feira, num hotel de La Paz, para abrir “um grande diálogo pela paz”. Para a reunião também foram convocados sete presidentes de câmara do partido do Governo, o Movimento para o Socialismo, deputados, dirigentes do Conselho das Federações Camponesas de los Yungas (Cofecay) e representantes do Supremo Tribunal Eleitoral.

O ministro estendeu o convite “a qualquer pessoa que queira constituir-se observador desta grande mesa de diálogo, porque estamos cansados de que se enfrentem dois sectores da mesma região que produzem folha de coca”.

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