Mais de 7 mil alunos faltaram ao exame de Português este ano

Percentagem de faltas subiu de 10,7% em 2020 para 17,5% em 2021.

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Rui Gaudêncio

A percentagem de alunos que este ano faltou ao exame de Português foi de 17,5%. Em 2020, ficou-se pelos 10,7%.

Segundo dados apurados pelo Júri Nacional de Exames, a percentagem de alunos que marcou nesta sexta-feira presença no exame de Português foi de 82,5% – inscreveram-se 41.366, apareceram 34.146, tendo faltado 7220.

Em 2020 foram à prova 35.451 dos 39.710 alunos inscritos. Faltaram 4279. Ou seja, 10,7% dos inscritos.

Em 2019, foram à prova 72.910 dos 77.198 alunos inscritos. Faltaram 4288. Ou seja, 5,6% dos inscritos. Mas em 2019 o exame era obrigatório, já nos dois anos marcados pela pandemia os alunos apenas tinham de fazer exame às disciplinas de ingresso nos cursos de ensino superior.

Ainda segundo dados apurados pelo Júri Nacional de Exames, no exame de Português Língua Não Materna intermédio, neste ano, houve 12 inscrições e três faltas; no de Português Língua Segunda 42 inscrições e duas faltas.

Cansaço, indecisão e covid-19

Para a directora do agrupamento de escolas de Benfica, Rosária Alves, a explicação poderá passar por dois factores: indecisão sobre o curso que querem seguir e sobre se precisam ou não do exame, e cansaço. “São jovens e há miúdos que, quando abre a plataforma de inscrição ainda estão indecisos, às vezes estão indecisos até ao último dia. Inscrevem-se para salvaguardar a hipótese de ir e à última hora, decidem não ir”, diz. Lembra, ainda, que, este ano, o exame não conta para a média interna, além de, e também à semelhança do ano anterior, não ser obrigatório. Os alunos só têm, neste contexto da pandemia, de fazer os exames necessários de ingresso nos cursos pretendidos. Mas o que muda em relação ao ano passado? “O cansaço dos miúdos. Tenho a certeza de que estão mais cansados este ano. Este ano foi muito duro e acredito que se estejam a guardar só para exames que precisem mesmo”, nota, sobre esta possibilidade de os alunos se inscreverem, quando ainda estão indecisos, para alargarem hipóteses de escolha, mas depois fazerem apenas as provas de que precisam mesmo.

O director da Escola Secundária de Camões acrescenta ainda a hipótese de haver este ano mais alunos em isolamento. Na escola que dirige inscreveram-se perto de 300, faltaram cerca de 60 e, embora ainda sem dados definitivos, porque os alunos ainda podem apresentar declarações, poderão ser cerca de dez nessa situação de isolamento.

Para o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, poderá haver “uma conjugação de factores” para explicar o aumento, incluindo cansaço e a hipótese de alguns jovens estarem em isolamento. 

Os estudantes que estejam infectados com covid-19 no momento dos exames nacionais podem fazer as provas na 2.ª fase, agendada para Setembro, sem prejuízo para o ingresso no ensino superior. A medida abrange não só os alunos que estejam infectados, mas também todos os afectados por problemas relacionados com a covid-19, como, por exemplo, ter um familiar próximo ou alguém com quem se partilha casa doente ou ter tido contacto recente com uma pessoa com diagnóstico positivo confirmado. Caso, por algum desses motivos, o estudante não possa comparecer à 1.ª fase dos exames nacionais, fica automaticamente inscrito para a 2.ª fase, no início de Setembro. Nesse caso, os alunos vão poder usar essa nota ainda na 1.ª fase do concurso nacional de acesso. Por norma, os estudantes que fazem os exames na 2.ª fase só podem concorrer também à 2.ª fase do concurso nacional de acesso ao superior, quando as vagas disponíveis são em número inferior e alguns dos cursos mais concorridos já têm quase todos os lugares esgotados. A medida já tinha vigorado no ano passado, o primeiro em que as provas de acesso ao ensino superior foram feitas em contexto de pandemia.

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