Países Baixos defrontam checos e lembram Euro 2004

República Checa deu a volta ao resultado na fase de grupos do torneio organizado por Portugal, no mais espectacular jogo entre as duas selecções. Os dois seleccionadores estavam no Estádio de Aveiro.

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Frank de Boer Reuters/DEAN MOUHTAROPOULOS

Frank de Boer estava na fase descendente da sua carreira de futebolista, com 34 anos, e não saiu do banco do Estádio Municipal de Aveiro. Testemunhou, como em outras ocasiões, que o futebol é imprevisível e pode ser uma montanha russa de emoções até ao apito final. Na fase de grupos do Euro 2004, o actual seleccionador dos Países Baixos festejou dois golos do seu país frente à República Checa apontados nos primeiros 19 minutos. O pior veio depois. Numa partida memorável, os checos deram a volta e garantiram o triunfo (3-2) em cima do apito final.

Esta é uma recordação que não abandonará por estes dias o antigo defesa do Barcelona. Se no Euro português a derrota não impediu os Países Baixos de seguirem em frente na prova – eliminados por Portugal nas meias-finais, por 2-1, com golos de Ronaldo e Maniche e um autogolo de Jorge Andrade , como segundos classificados, num grupo em que caiu a Alemanha e a Letónia, nos oitavos-de-final do Euro 2020 não há espaço de manobra para deslizes frente aos checos.

“Vamos ter de jogar muito bem para conseguir um bom resultado frente à República Checa. Eles mostraram na fase de grupos o que são capazes de fazer; teremos de trabalhar muito”, salientou Frank de Boer, que assumiu o comando dos Países Baixos em Setembro de 2020, rendendo Ronald Koeman, que saiu para treinar o Barcelona.

Também Jaroslav Silhavy, seleccionador dos checos desde 2018, foi espectador privilegiado do extraordinário encontro em Aveiro. Era na altura treinador adjunto da selecção do seu país, então liderada pelo lendário Karel Brückner. “Esse jogo é inesquecível. Vou morrer com essas recordações e levá-las para o outro lado”, garantiu o técnico, citado pelo site da UEFA.

“No início, os holandeses dominaram e passámos dificuldades, mas depois virámos o jogo com o empate conseguido pelo Milan Baros. E foi seguido por um belo golo perante uma baliza vazia na sequência de uma fantástica combinação, com Karel Poborsky a passar a bola para Vladimir Smicer. Alegria em estado puro”, relembrou.

Os Países Baixos chegam a esta eliminatória teoricamente como favoritos, após terem vencido todos os jogos do seu grupo, que incluía a Ucrânia (3-2), Áustria (2-0) e Macedónia do Norte (3-0). Já a República Checa alcançou os “oitavos” como um dos terceiros melhores da fase anterior, com um único triunfo frente à Escócia (2-0), um empate com a Croácia (1-1) e uma derrota com Inglaterra (1-0).

Jaroslav Silhavy não rejeita que o oponente tem agora argumentos superiores, ao contrário do que sucedia há 17 anos. “Acho que os nossos adversários e nós mesmos estamos em situações um pouco diferentes. Naquela época [Euro 2004], eu não queria dizer isso abertamente, mas éramos favoritos. Agora estamos no 40.º lugar no mundo [no ranking da FIFA liderado pela Bélgica e onde os Países Baixos ocupam a 16.ª posição]”, justificou.

Favoritismos à parte, a estatística beneficia os checos, que venceram cinco dos 11 encontros disputados entre estas duas selecções (três vitórias holandesas e três empates), após a dissolução da Checoslováquia, a 31 de Dezembro de 1992. A equipa de Silhavy venceu mesmo nas últimas duas partidas da qualificação para o Euro 2016, onde foi primeira do grupo, contribuindo para deixar os Países Baixos pelo caminho.

O vencedor desta partida já sabe que terá a Dinamarca como adversário nos quartos-de-final, a disputar a 3 de Julho, em Baku, no Azerbaijão.

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