Manifestantes birmaneses marcham com flores para marcar 76.º aniversário de Suu Kyi

Homenagem à líder do país, detida desde o golpe militar de Fevereiro, acontece depois de uma resolução da Assembleia da ONU pedir aos Estados membros para “evitarem o fluxo de armas para a Birmânia” de forma a pressionar a Junta a pôr fim à violência.

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Apoiantes birmaneses de Aung Sang Suu Kyi usam flores para marcar o aniversário da líder deposta SOCIAL MEDIA/Reuters

Durante este sábado, as flores tornaram-se numa arma simbólica dos protestos na Birmânia. No dia no 76.º aniversário da líder deposta Aung San Suu Kyi, manifestantes birmaneses marcaram o dia usando flores durante os protestos. Um dia antes, a ONU adoptou uma resolução incomum para pedir o “fim da violência”, mais de quatro meses depois do golpe militar.

Num gesto de apoio, os manifestantes birmaneses evocaram as flores que a Suu Kyi usava frequentemente no cabelo. A Nobel da Paz, que se tornou um símbolo no país pelo seu activismo contra o anterior regime militar, foi detida em em Fevereiro, na sequência do golpe militar que derrubou o Governo eleito e suspendeu a democracia no país.

O Exército justificou o golpe com denúncias de fraude nas eleições de Novembro, que deram larga vitória à Liga Nacional para a Democracia (LND), partido de Suu Kyi. Mais tarde, observadores independentes consideraram as eleições justas.

Desde então, a população tem exigido a libertação de Suu Kyi e os protestos de rua têm-se sucedido, contestando o controlo militar e a repressão.

Suu Kyi é uma das quase cinco mil pessoas detidas pela Junta Militar desde o golpe, segundo a Associação de Assistência a Presos Políticos. A líder política enfrenta várias acusações – consideradas forjadas pelos advogados – que podem resultar em prisão perpétua.

Resolução da ONU para fim da violência

Num gesto pouco comum, a Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou na sexta-feira uma resolução pedindo ao Exército birmanês que “pare imediatamente com toda a violência contra os manifestantes pacíficos”, que liberte os políticos presos e que respeite o resultado das eleições de Novembro.

De forma a pressionar a Junta Militar, pede a todos os Estados-membros para “evitarem o fluxo de armas para a Birmânia”.

Antes da decisão, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pressionou a assembleia a tomar uma posição, porque “não podemos viver num mundo onde os golpes militares são a norma”, referiu. Mas para o embaixador da Birmânia na ONU, Kyaw Moe Tun, que representa o Governo civil eleito, a decisão não só tardou em chegar, como foi uma resolução “moderada”.

Após a votação, a enviada especial da ONU para a Birmânia, Christine Schraner Burgener, alertou a assembleia que “o risco de uma guerra civil de larga escala é real”. “O tempo é essencial e a oportunidade para reverter o controlo da junta é cada vez mais limitada”, acrescentou.

A resolução contou com o apoio de 119 países. A Bielorrússia foi o único país a abster-se, e outros 36 países não participaram na votação, incluindo a Rússia e a China, dois dos maiores fornecedores de armamento da Birmânia, e membros permanentes do Conselho de Segurança.

Alguns dos que países que não votaram disseram que a crise birmanesa se trata de um assunto interno do país asiático. Outros consideraram que a resolução não endereçou a violenta repressão militar sobre a minoria rohingya.

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