Conselho de Segurança da ONU ainda sem acordo sobre texto de condenação do golpe na Birmânia

Enquanto a greve e os protestos continuam, há relatos de vários grupos cercados pelas forças de segurança. Na terça-feira morreu mais um membro da Liga Nacional para a Democracia que estava detido.

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Um manifestante segura um cartaz contra o golpe militar, em Rangum, Birmânia, enquanto a repressão militar se intensifica LYNN BO BO/LUSA

O Conselho de Segurança das Nações Unidas tarda em chegar a um consenso sobre uma declaração de condenação do golpe militar na Birmânia. Na terça-feira, a China, a Rússia, a Índia e o Vietname apresentaram alterações ao texto redigido pelo Reino Unido e algumas delas eliminavam mesmo a referência ao golpe.

As partes estão de acordo sobre a necessidade de apelar à contenção dos militares e de tomar “medidas adicionais” para que a situação se normalize no país, mas têm visões diferentes sobre como catalogar a tomada de poder na Birmânia. As negociações sobre o texto deverão continuar nos próximos dias.

Enquanto isso, a resistência contra a repressão militar mantém-se e vai mudando de estratégia. Num gesto simbólico, foi anunciado na página de Facebook da Liga Nacional para a Democracia (NLD) que Mahn Win Khaing Than, o porta-voz do partido na câmara alta do Parlamento, irá assumir o cargo de vice-presidente interino e as funções desempenhadas pelo Presidente Win Myint ​e pela líder de facto do Governo, Aung San ​Suu Kyi. No entanto, o paradeiro de Mahn Win Khain Than continua a ser desconhecido.

Na terça-feira, subiu para dois o número de mortes de políticos: um dos oficiais da NLD, Zaw Myat Linn morreu sob custódia das autoridades. Ainda assim, participou “continuamente nos protestos”, afirmou um membro do parlamento dissolvido.

Ao mesmo tempo, os protestos continuam e as greves mantêm-se. Um grupo de trabalhadores ferroviários em greve viu-se cercado pelas Forças de Segurança nas suas instalações. As imagens do sucedido foram partilhadas nas redes sociais.

“Acho que nos vão prender. Por favor ajudem-nos”, disse um dos trabalhadores, citado pela Reuters.

Ainda na terça-feira foi avistada a presença da polícia nas imediações dos edifícios de dois órgãos de comunicação independentes, onde foram detidos dois jornalistas.

Desde o dia 1 de Fevereiro que pelo menos 35 jornalistas foram detidos, de acordo com a plataforma noticiosa Myanmar Now. No total, as estimativas apontam para 1900 pessoas que foram detidas e mais de 60 de manifestantes que foram mortos, segundo a Associação de Assistência de Presos Políticos.

Milhares de pessoas têm saído à rua em protesto contra o golpe militar que destituiu o governo eleito de Suu Kyi e dissolveu o Parlamento. Os militares têm aumentado a violência e a repressão das manifestações e da desobediência civil, tendo já sido acusados pelos opositores de estarem a atirar para matar.

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