Coreia do Norte tem de estar preparada para “diálogo e confronto” com os EUA, diz Kim

Líder norte-coreano falou sobre os EUA pela primeira vez desde que Biden foi eleito. Casa Branca quer “explorar a diplomacia” com Pyongyang.

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Kim Jong-un ainda não se tinha pronunciado publicamente sobre a Administração Biden Reuters/KCNA

A Coreia do Norte precisa de estar preparada tanto para o “diálogo como para o confronto” com os EUA, afirmou o líder Kim Jong-un, numa reunião do Partido dos Trabalhadores em que se referiu pela primeira vez a Administração norte-americana desde a eleição de Joe Biden.

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A Coreia do Norte precisa de estar preparada tanto para o “diálogo como para o confronto” com os EUA, afirmou o líder Kim Jong-un, numa reunião do Partido dos Trabalhadores em que se referiu pela primeira vez a Administração norte-americana desde a eleição de Joe Biden.

As declarações de Kim foram feitas durante o plenário do partido único que controla a Coreia do Norte e divulgadas pela agência estatal KCNA. Depois de ter feito “uma análise detalhada das tendências políticas da nova Administração dos EUA” face à Coreia do Norte, explica o Voz da Coreia, o líder do regime disse que “é necessário estar preparado tanto para o diálogo como para o confronto, e ainda mais perfeitamente para o confronto”.

“É necessário reagir e corresponder à situação em permanente mudança de forma sensível e rápida, e concentrar nos esforços para controlar a situação da Península Coreia de uma forma estável”, afirmou Kim.

As declarações do líder norte-coreano são pouco concretas, em linha com o que é habitual no discurso oficial dos dirigentes do regime, mas são relevantes por serem as primeiras proferidas directamente por Kim em relação à Administração de Joe Biden. Nos últimos meses, Pyongyang já tinha dirigido algumas mensagens a Washington.

Em Março, a irmã de Kim e importante dirigente da hierarquia, Kim Yo-jong, criticou os EUA por realizarem exercícios militares com a Coreia do Sul – uma objecção frequente do regime norte-coreano. Mais recentemente foi considerada “hostil” a anulação das directrizes dos EUA que limitavam o desenvolvimento de mísseis pela Coreia do Sul.

Com Biden em Washington é esperada uma degradação das relações entre os EUA e a Coreia do Norte, em comparação com a atmosfera de alguma proximidade entre Donald Trump e Kim, que se encontraram pessoalmente por três vezes. Apesar dessas iniciativas diplomáticas, houve poucos progressos palpáveis no processo de desnuclearização da Coreia do Norte, o grande objectivo de Washington e dos seus aliados na região.

A Casa Branca já sinalizou que pretende romper com as abordagens mais recentes por parte dos EUA. “A nossa política não irá concentrar-se em alcançar um grande acordo, nem irá basear-se na paciência estratégica”, disse recentemente a porta-voz da Administração Jen Psaki. A proposta de Biden para lidar com Pyongyang passa por “uma abordagem prática calibrada que é aberta e irá explorar a diplomacia” com a Coreia do Norte.

Como sempre, as declarações vagas de Kim oferecem espaço para especulação sobre a forma como o regime encara o novo capítulo das relações com os EUA. O professor da Universidade de Leiden especializado na Coreia do Norte, Christopher Green, acredita que “há espaço para optimismo”. “Uma coisa é certa: controlar a península ‘de uma forma estável’ significa que não vai haver uma subida abrupta da tensão no curto prazo”, afirmou, citado pelo site NKNews.

A divulgação das posições de Kim surge numa altura em que já foi assumido publicamente que a Coreia do Norte atravessa um momento de escassez de alimentos, causada pelo isolamento económico do país e agravada pela pandemia.

A grande interrogação é saber se o regime irá manter o cumprimento da suspensão de testes nucleares decretada há três anos e que reduziu a tensão na Ásia. Desde então, Pyongyang realizou apenas alguns ensaios balísticos, o último dos quais em Março.