O quixotesco teatro de Luis Miguel Cintra em luta pela utopia

A partir de diálogos retirados de D. Quixote de La Mancha, o encenador apresenta até 8 de Julho Pequeno Teatro — Ad Usum Delphini Vanitas no Museu das Marionetas. Um espectáculo pela utopia e pelos ideais, contra o cinismo presente.

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Levi Martins
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Em palco, vemos João Reixa a dar corpo a D. Quixote, a aprender a vestir-lhe a pele, a munir-se daquela armadura que parece protegê-lo das perversidades do mundo, a deixar escapar pelas suas falas uma crença profunda, tão inocente quanto comovente, na transformação da humanidade. Ao mesmo tempo que arrasta atrás de si Sancho Pança, o seu fiel escudeiro, numa busca pela beleza que será, necessariamente, interminável. “É um idealista”, resume Luis Miguel Cintra ao Ípsilon, pensando naquela personagem saída das páginas de Cervantes para habitar, em carne e osso, a antiga sala da Capela de Nossa Senhora da Nazareth, no interior do Museu das Marionetas, em Lisboa, de 17 de Junho a 8 de Julho. “Aquela figura sonha com ideais de beleza, de lealdade, de amizade — tem uma utopia de vida. O que é engraçado é que acredita que será possível realizar essa utopia. Não a vive como utopia. Isso é importante porque, mais modernamente, quando se fala de utopia está a dizer-se que são ideais falhados. Mas não são falhados, são desejados, e mesmo que se considere que é difícil serem alcançados, deixa de ser desejo se não se acreditar que pode realizar-se. Quem mudará o mundo são os que acreditam na utopia e a gente vive numa época de um pragmatismo horrível. Um mundo em que já não existe a crença numa mudança, há antes um cinismo permanente que me horroriza.”

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