O piano de Marco Franco continua a deixar-nos boquiabertos

Após uma surpreendente estreia com um álbum de piano solo, o músico volta a esse registo em Arcos. E o espanto continua lá — o dele com o piano, o nosso com a música delicada que resulta dessa descoberta.

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Daniel Blaufuks

Marco Franco estava convencido de que à segunda seria mais fácil. Depois de ter entrado num período obsessivo, em que aquele que sempre conhecemos como um inspirado e idiossincrático baterista — do rock dos anos 90, ao jazz vanguardista dos anos seguintes — virou o seu mundo do avesso e encheu os dedos e a cabeça com as teclas e os sons do piano, seria de esperar que não voltasse a viver com a mesma intensidade esse período em que tentou compensar os muitos anos de não ter praticado e criado intimidade com aquele instrumento. Tudo começou, na verdade, numa altura em que ouvia bastante o compositor Steve Reich e um amigo lhe mostrou um álbum com música para piano da etíope Emahoy Tsegué-Maryam Guèbrou. Foi como se umas comportas que acumulavam toda uma musicalidade que Marco nunca tinha explorado se abrissem de repente, o apanhassem desprevenido e se visse inundado por sons e notas que precisavam impacientemente de ganhar vida através do seu corpo.

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