Líder da Frente Polisário abandonou Espanha durante a madrugada

A justiça espanhola tinha recusado deter o líder sarauí, que teve mais tarde alta hospitalar, possibilitando a sua saída.

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O líder da Frente Polisário, Brahim Gali, levantou voo do aeroporto de Pamplona na madrugada de quarta-feira Villar Lopez/EPA

O líder do movimento de independência do Sara Ocidental, Brahim Gali, que está no centro de uma crise diplomática entre Madrid e Rabat, abandonou Espanha, de avião, durante a madrugada de quarta-feira, noticia a imprensa espanhola. Gali saiu de Pamplona em direcção a Argel, capital da Argélia, onde continuará a recuperar da pneumonia agravada pela covid-19.

O chefe da Frente Polisário, movimento que luta pela independência do Sara Ocidental, um território anexado por Marrocos, teve na terça-feira alta de um hospital no Norte de Espanha após mais de seis semanas de tratamentos contra a covid-19.

Segundo o El País, na noite de terça-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros informou as autoridades marroquinas “através dos canais diplomáticos” sobre a intenção de Gali de sair do país.

A presença de Gali em Espanha enfureceu Marrocos e desencadeou uma crise diplomática entre os dois países e, tudo indica, levou Rabat a provocar a chegada de milhares de migrantes ilegais - muitos deles crianças não acompanhadas – ao enclave espanhol de Ceuta no norte de África, que faz fronteira com Marrocos.

A saída de Espanha aconteceu depois de, também na terça-feira, a justiça espanhola se ter recusado, mais uma vez, a enviar o líder da Frente Polisário para a prisão ou a retirar o seu passaporte, como medidas cautelares, considerando não haver “risco de qualquer fuga” ou “mesmo elementos circunstanciais” para acreditar que seja “responsável por qualquer crime”.

O presidente da autoproclamada República Árabe Sarauí Democrática prestou declarações por videoconferência a partir de um hospital em Logroño (região de La Rioja) no âmbito de dois processos por alegados crimes contra a humanidade, genocídio, tortura e outros.

Brahim Gali negou ter cometido esses crimes, associando as acusações contra ele a motivos “absolutamente políticos” para “tentar minar a credibilidade do povo sarauí e a sua luta para conseguir a autodeterminação “, afirmou o seu advogado, Manuel Ollé.

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