Potenciar o poder da juventude em prol da paz

Ao comemorarmos o Dia Internacional das Forças de Paz da ONU, a 29 de maio, destacamos a importância da juventude. O diagnóstico é claro: para que os jovens contribuam ativamente para a construção da paz, as suas necessidades devem ser atendidas, a sua participação incentivada, as suas vozes ampliadas e o seu envolvimento encorajado.

No ano passado, trabalhar numa missão de paz das Nações Unidas significou adotar novos níveis de flexibilidade e de resiliência para enfrentar desafios emergentes. Um trabalho árduo que se tornou ainda mais difícil.

À medida que a pandemia global foi causando estragos, dezenas de milhares de mulheres e homens ao serviço das 12 missões de manutenção da paz destacadas em todo o mundo adaptaram-se a esta nova realidade, tomando todas as precauções para se protegerem e prevenirem a propagação do vírus, continuando a apoiar as entidades nacionais e locais e a trabalhar para salvar vidas. Apesar do desafio sem precedentes da covid-19, o trabalho de manutenção da paz da ONU continua.

No contexto das nossas várias missões, temos testemunhado uma parceria notável entre os agentes que trabalham na manutenção da paz – militares, policiais e civis – e as comunidades locais que servem, incluindo, em particular, a colaboração com os jovens.

Em muitos dos nossos países anfitriões, os jovens estão a unir-se como uma força positiva para responder aos desafios emergentes.

Ao comemorarmos o Dia Internacional das Forças de Paz da ONU, a 29 de maio, destacamos a importância da juventude. O diagnóstico é claro: para que os jovens contribuam ativamente para a construção da paz, as suas necessidades devem ser atendidas, a sua participação incentivada, as suas vozes ampliadas e o seu envolvimento encorajado.

A manutenção da paz da ONU há muito que reconheceu o valor da colaboração com os jovens enquanto grupo demográfico essencial nos países anfitriões. Em áreas de conflito, os jovens possuem um conhecimento inestimável sobre as suas comunidades e muitas vezes são agentes de mudança.

As forças de segurança para a manutenção da paz ajudam os jovens a adquirir competências e ferramentas para participar nos processos de tomada de decisão, promovendo formação e outras formas de apoio e sensibilizando as autoridades sobre a importância de envolver os jovens de forma significativa e abrangente.

Em sítios como o Chipre, estamos a apoiar a cooperação intercomunitária entre os jovens e a capacitá-los a implementar as suas próprias campanhas ambientais.

Na República Centro-Africana e no Mali, as nossas missões estabeleceram mecanismos que permitem aos jovens contribuir para o desenvolvimento de estratégias de segurança. Os esforços também se concentraram em trabalhar em estreita colaboração com os representantes da juventude para aumentar a participação eleitoral nas últimas eleições em ambos os países.

No Sudão do Sul, a inclusão de grupos de jovens nos processos de paz ajudou a fortalecer as relações entre atores regionais e nacionais. A missão de paz da ONU no país, UNMISS, trabalha em estreita colaboração com o governo e com outros parceiros para facilitar os fóruns de paz que oferecem aos jovens oportunidades de participarem em processos políticos e de paz.

Em relação ao persistente conflito no leste da República Democrática do Congo, a missão da ONU, MONUSCO, está a trabalhar com jovens vulneráveis ao recrutamento por grupos armados, ajudando a fornecer-lhes alternativas viáveis e sustentáveis à violência.

Ao mesmo tempo, as forças de manutenção da paz estão a lidar com campanhas de desinformação suscetíveis à manipulação política, que procuram explorar a juventude de maneiras nefastas e em detrimento daqueles que investem na construção de um futuro melhor. Este pode não ser o trabalho tradicional de uma missão de manutenção da paz, mas descobrimos que é um investimento que muitas vezes compensa.

Este progresso simplesmente não poderia ser alcançado sem uma maioria da nossa extraordinária força de trabalho: os jovens soldados da paz da ONU. Eles injetam energia e entusiasmo no seu trabalho. Eles inovam, ajudam a elevar o desempenho geral e servem como modelos para outros jovens. Na verdade, promover a participação dos jovens, tanto como núcleo da manutenção da paz, quanto dentro das sociedades em que atuam, é um aspeto fundamental da nossa abordagem geral.

Os nossos jovens agentes da paz são inspirados a servir sob a bandeira azul por muitos motivos e são recrutados como civis no site de carreiras da ONU ou juntam-se às nossas fileiras como militares das suas próprias forças armadas ou forças policiais nacionais. Alguns procuram novas experiências e lições de vida, enquanto outros são motivados pelo potencial que veem nas Nações Unidas para ajudar a promover a paz e a segurança.

A manutenção da paz é composta por estes jovens notáveis. Pessoas como Nanah Kamara da Serra Leoa – um país que já teve uma das maiores missões de manutenção da paz do mundo –, que atua no Sudão do Sul como agente policial da ONU e contribui para o fortalecimento do Estado de Direito treinando as policias nacionais. Ou o tenente Eric Manzi, de 28 anos, oficial do Ruanda, que ajuda na manutenção dos veículos blindados na República Centro-Africana, para que os soldados da paz possam proteger com segurança as patrulhas civis. Os dois agentes da paz viram os efeitos de um conflito terrível nos seus próprios países e decidiram dedicar as suas carreiras ao apoio a outras nações no longo, e às vezes árduo, caminho para a paz.

O nosso pessoal civil jovem, incluindo aqueles que servem como Voluntários das Nações Unidas, também fazem contribuições notáveis em muitas áreas e, em última análise, desempenham um papel fundamental na integração da agenda da Juventude, Paz e Segurança no trabalho das operações de paz.

Kamara e Manzi e dezenas de milhares de outros agentes da paz – os jovens e os não tão jovens – trabalham incansavelmente em alguns dos lugares mais difíceis do mundo para construir uma paz melhor e mais duradoura. Eles merecem o nosso reconhecimento e precisam do nosso apoio incondicional. É, simplesmente, o mínimo que podemos fazer.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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