Duque envia militares para Cali depois de dia de protestos com mais seis mortos

Violência nas manifestações antigovernamentais que duram há um mês na Colômbia já causou 47 mortos.

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Manifestantes montam barricadas em Cali Reuters/STRINGER

Depois de mais uma jornada violenta em Cali, onde na sexta-feira morreram seis pessoas em confrontos nas ruas, o Presidente colombiano, Iván Duque, decretou a militarização da terceira maior cidade do país e o reforço da presença das forças de segurança em grande parte do território.

Um mês depois do início da onda de contestação antigovernamental que está a mergulhar a Colômbia numa das mais graves crises políticas dos últimos anos, a violência não parece dar sinais de abrandar. Na manhã de sexta-feira, num bairro de Cali, a cidade que tem sido o epicentro dos piores confrontos, dois homens que participavam no bloqueio de uma estrada foram mortos por um terceiro. Logo de seguida, o autor dos disparos foi perseguido e espancado até à morte por um grupo de pessoas.

Durante o dia e até à noite houve ainda mais três mortes em pontos diferentes da cidade de pouco mais de dois milhões de habitantes, de acordo com o jornal El Tiempo.

Com as autoridades locais a assumirem o descontrolo da situação, Duque, que se deslocou até à cidade, anunciou novas medidas para tentar forçar o fim dos protestos e dos bloqueios rodoviários. Para Cali e para o departamento do Vale do Cauca vão ser enviados militares que, de acordo com o Presidente, vão triplicar o número de elementos das forças de segurança actualmente mobilizadas naquela região. “Não podem existir ilhas de anarquia”, declarou o chefe de Estado.

A actual onda de protestos começou há um mês, num primeiro momento, contra a reforma tributária proposta pelo Governo – que iria penalizar a classe média e aprofundar a desigualdade, segundo os seus críticos –, mas depressa se transformou numa contestação mais vasta e que se inflamou perante a repressão contra os manifestantes.

Morreram 47 pessoas desde o início dos protestos, segundo os dados oficiais. A corrupção, a insegurança, a falta de progressos na aplicação dos acordos de paz assinados com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o aumento acentuado da pobreza, compõem um caldo explosivo e imprevisível.

As conversações entre o Governo e os líderes da greve geral, que junta não só sindicatos, mas também associações de estudantes, povos indígenas e activistas pelos direitos humanos, enfrentam um impasse, diz o El País. Para Duque, a prioridade passou a ser terminar o mais rapidamente possível com os bloqueios rodoviários e é essa a missão dos militares enviados não só para o Vale do Cauca, mas também para outros sete departamentos onde foi decretada “assistência” às forças policiais.

A repressão violenta das manifestações tem motivado muitas críticas por parte de organismos internacionais e de países como os EUA, um parceiro crucial da Colômbia em várias áreas. Na semana passada, Duque substituiu o ministro dos Negócios Estrangeiros pela sua vice, Marta Lucía Ramírez, que se encontrou recentemente com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que “reiterou o direito inquestionável dos cidadãos de protestar pacificamente”.

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