Consultora diz que 50% das actividades do retalho podem ser automatizadas em dez anos

Presidente da APED admite que a pandemia de covid-19 antecipou a digitalização no comércio em dez anos.

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Rui Gaudencio

A pandemia de covid-19 acelerou a digitalização do sector do retalho, antecipando “exigências que só se pensava que seriam feitas daqui a dez anos”, afirmou Isabel Barros, presidente da Associação Portuguesa de Distribuição (APED) na abertura da conferência sobre o futuro do sector, promovida esta quarta-feira, em formato digital.

O ministro da Economia, em mensagem enviada à conferência, também destacou o aumento significativo na migração para o comércio em rede, “num país como Portugal, onde a penetração do comércio online e particularmente onde a experiência das empresas com uma presença online era inferior à média da União Europeia”. 

Mas se a pandemia antecipou a digitalização em dez anos, a próxima década também será de desafios. No encerramento da conferência, o Presidente da República admitiu que “a reconstrução do futuro após a pandemia, no sector da distribuição, não está isenta de desafios”, num país que está “a dar os primeiros passos no processo de término da pandemia, com um desconfinamento sensato”. Marcelo Rebelo de Sousa aconselha os retalhistas a “unir esforços” para poderem enfrentar grandes concorrentes internacionais.​

Um estudo da consultora McKinsey, apresentado na conferência, aponta para uma forte aceleração da digitalização do retalho. Conclui a consultora que nos próximos dez anos cerca de 50% das actividades do retalho serão automatizadas, o que terá repercussões no mercado de trabalho, onde se poderão perder milhares de postos de trabalho, especialmente se não for feita uma aposta na formação e reconversão de colaboradores.

De acordo com o estudo, a automação de processos no sector do retalho terá impacto não só nas lojas, mas também na cadeia logística, embora se espere que o mercado português demore alguns anos a adoptar tecnologias como o uso de drones e robots na logística, por exemplo.

A automação de processos terá consequências no mercado de trabalho e, de acordo com o estudo, os postos de trabalho mais propícios a desaparecer serão os menos qualificados e, consequentemente, com remunerações mais baixas.

Segundo a consultora, o comércio online deverá crescer cerca de 7% até 2025, cerca de duas vezes mais rápido do que a totalidade do sector retalhista (3,7%) e terá de ser feito “muito trabalho” para fazer funcionar os diferentes modelos de entrega aos clientes.

Para a próxima década, a integração adequada entre a experiência online e offline é “fundamental para qualquer retalhista”, alertaram os responsáveis da consultora.

“A automação é a grande certeza e a grande incógnita: todos sabemos que vai acontecer, todos nós vamos entrar em lojas que vão ter muito menos pessoas. A questão importante é qual é o timing”, afirmou Duarte Braga, responsável do escritório ibérico da consultora norte-americana. Com Lusa

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